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Sábado, 27 jan 2007 - 16h25

O que acontece com o clima em Rondônia e os Institutos não divulgam

Muito tem se comentado e pouco foi revelado nos últimos tempos acerca das variações climáticas em Rondônia.

O clima no mundo não é mais o mesmo de 20 anos atrás. O mesmo já pode ser dito de Rondônia. Quem é nato desta terra ou reside há anos têm percebido mudanças drásticas nas condições climáticas envolvendo todos os fenômenos meteorológicos. Os principais são: a diminuição e má distribuição da quantidade de chuva, o aumento das temperaturas e, conseqüentemente das descargas elétricas.

Culpar quem por toda essa confusão? Será que o homem, através da sua incansável gana pelo desenvolvimento de novas áreas, para o enriquecimento da região, seria o único responsável por destruir matas, ocasionando assim um maior acúmulo de poluição na atmosfera? Há controvérsias e que agora causam brigas entre a comunidade cientifica e até multas, para quem discordar de que o aquecimento global é um fato mais do que real, é notório em qualquer ponto do planeta Terra.

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Um outro estudo divulgado semana passada por um Instituto britânico, revela que as constantes variáveis na camada do Sol seriam uma das causas co-relecionadas ao aquecimento surpreendente do planeta, e que o homem, portanto, não seria o único culpado pelas catástrofes que agora, vira e mexe tomam conta nas manchetes dos noticiários. Fato é que tudo mudou e em Rondônia, nos 25 anos de instalação, nunca houve Instituto ou Centro de pesquisa sequer, de todo o Brasil e, muito menos os que ousam pisar nessa terra, em divulgar ou apenas comentar num estudo mais minucioso, o que realmente acontece e o que podemos esperar para o futuro.

Relacionar os efeitos a nível Brasil com Rondônia não é demagogo, mas, não podemos deixar de lado, as pequenas observações feitas pelos que aqui fazem acontecer o progresso.


Vilhena
Vilhena, sul do Estado de Rondônia, a cidade considerada “Portal Clima da Amazônia” por ser o ponto de maior latitude da Região Norte e, conseqüentemente a de clima mais brando com temperaturas agradáveis. Localizada a mais de 600 metros, no alto da Chapada do Parecis, Vilhena já ousou em registrar temperaturas no inverno, dignas de qualquer outra cidade sulina. A quem diga, os primeiros desbravadores que adentraram na região ainda na década de 70, que a intensa invasão de ar frio de 1975, da qual culminou na extinção de praticamente toda a cultura cafeeira no Sul e em São Paulo, principalmente o Estado do Paraná, o mais atingido pela então geada negra, a quem diga que na região de Vilhena, antes nada mais que um simples povoado, houvera registro de geada naqueles dias de 1975. Não causa espanto, pois todos os dados coletados e observados, dão conta de que tão poderosa foi aquela invasão de ar frio sobre o Brasil. Tempos se passaram e o clima foi mudando. Nasceu à cidade, a população inchou rapidamente.

Agora, quando foi registrada a menor temperatura em Vilhena desde 2000? Os Institutos locais arriscam no palpite? Possuem-se tamanha competência e atenção para o “Desenvolvimento e Proteção da Amazônia” deveriam saber. Os dados da Embrapa (localização para os senhores pesquisadores comprovarem – 12°47’13.27” S e 60°05’39.00” W) e aeroporto local colocam o dia 24 de julho de 2000, com a menor temperatura, 7,2°C de mínima.

Ano 2000 foi se distanciando, outros tantos passaram, 2005 com 8,9°C, 2006 com 11,2°C e assim vai indo o clima gostoso de Vilhena. Quem diria que em setembro passado à cidade fosse registrar uma máxima de 38°C segundo os dados do aeroporto local? E a chuva, antes a média estipulada pelo INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) de Brasília, trazia nos livros acumulados anualmente entre 2250 e 2500 milímetros de chuva. Hoje em dia, dificilmente chegam à marca dos 2000 e quando chegam apresentam uma péssima distribuição.

Outro fato que está na mente do vilhenense. Quando já se viu nessa terra tamanha incidência de descargas elétricas nas copiosas chuvas de fim de tarde? O prejuízo calculado na tempestade de 21 de dezembro de 2006, chega à marca de 200 mil reais, com diversos aparelhos eletroeletrônicos de residências, prédios públicos e empresas de grande porte queimados pelas descargas elétricas.

Se os Centros de pesquisas locais não possuem memória curta, Vilhena ficou por 72 horas consecutivas sem comunicação alguma com o mundo exterior, praticamente toda a cidade entrou em caos com a falta de comunicação em bancos, lojas, telefones fixos, móveis, telefonia pública. Isso não precisa os Centros de pesquisa aprofundarem seus estudos, pois quem sente na pele é a população. Nada poderia ser feito com antecedência a fim de, não vetar totalmente, mas, minimizar os estragos que certamente viram a com tormenta? Será que não?


Ji-Paraná
Vamos agora para outro ponto do Estado, Ji-Paraná, a cidade “Coração de Rondônia”. A cidade por fama de criação tem a marca registrada no seu principal divisor, o rio Machado. Sempre foco das atenções políticas, desde a construção da ponte na década de 70 que daria então o suporte para o desenvolvimento total de Rondônia, de norte á sul. Quantas vezes a população não se viu ameaçada, quando não, vendo seus pertences e até vidas levadas pela subida drástica do Machadão. Quem enfrentou a terrível cheia de 1989 sabe muito bem o que é ver a morte de perto. Noticias em âmbito internacional, Ji-Paraná registrou naquele ano, a maior enchente já vista em Rondônia. O nível do Machado superou a marca dos 20 metros engolindo até a então recente rodovia BR-364. Trechos da Vila Jotão, setores onde nunca haviam sido invadidos pela força das águas, enfrentaram muito estrago, muita destruição.

No ano passado ocorreu enchente em Ji-Paraná. A água alcançou a marca de 11,22 metros no dia 03 de abril, segundo dados do Corpo de Bombeiros e Comissão Municipal de Defesa Civil, deixando milhares de famílias ribeirinhas desabrigadas. Diferente de anos anteriores, a cheia do Machado não durou mais que duas semanas e logo o nível do rio voltou a sua marca normal. A irregularidade das chuvas em suas cabeceiras provocou o fenômeno. Neste ano de 2007, o rio já ameaçou transbordar três vezes, atingindo o pico máximo de 9,44 metros no dia 19 de janeiro. Agora, com a diminuição e quase ausência de chuvas na região, o leito volta à casa dos 8 metros. Mais ainda estamos em janeiro, o que esperar para fevereiro, março e abril? Uma incógnita vista pelos pesquisadores locais, mas na mente do povo quem tem tudo perdido ano após ano, a certeza de que o pior ainda está por vir. Até agora choveu na cidade apenas 130 milímetros (localização para os senhores pesquisadores comprovarem – 10°48’45.70” S e 61°54’59.61” W), quando a média para o mês é de 300 milímetros.

Quanto às máximas, aos extremos de temperatura, em 25 de setembro de 2006 a cidade registrou a marca histórica de calor, 41,2°C verificados nos principais termômetros. Não bastasse o calorão, a intensa fumaça das queimadas dava a sensação de que estávamos dentro de um grande caldeirão cozinhando ao ar livre. Mais calma tudo tem seus fundamentos, a fumaça era para um bem de todos, para o “desenvolvimento” de Rondônia. É preciso queimar, pois senão o Estado não anda pra frente. E onde estavam os pesquisadores? Os fiscais do Ibama? Estavam enrolados com a operação Daniel, deflagrada no mesmo período pela Policia Federal, pois, quem deveria dar o exemplo e cumprir aquilo que era de seu dever, estava fazendo justamente o contrário, falsificando ATPFs (Autorização de Transporte para Produtos Florestais). Bendita seja a política brasileira hein! Depois o presidente americano Jorge W. Bush insiste em dizer que política e clima não se misturam! Fiscalização do Ibama só chega na área, meses e meses após a derrubada e queima das áreas que antes eram verdes, ou você já viu o contrário? O fiscal chegar no ato em que tudo está sendo consumido pelo fogo? Mostre-me o local, pois esse não carrego nos arquivos de um simples pesquisador leigo!

Segue abaixo os mapas representativos enfocando os volumes de chuva registrados no mês de janeiro, desde o ano 2000.

Em 2000, os dados de precipitação mensal do INPE colocaram chuvas dentro da média em Rondônia, com volumes entre 350 e 400 mm no norte do Estado, região de Porto Velho, e volumes menos expressivos, variando entre 200 e 250 mm nas regiões de Pimenteiras do Oeste e Guajará-Mirim.

Em 2001 choveu pouco em grande parte do Estado no mês de janeiro. Os dados revelam que o volume de chuva oscilou entre 100 e 150 mm na região central do Estado, entre Ji-Paraná e Espigão d’ Oeste. Já na Ponta do Abunã, na divisa com o Acre, o volume ficou dentro da média, entre 250 e 300 mm.

2002 foi um ano extremamente atípico em Rondônia. Com míseros volumes, dignos de meses de estiagem, a chuva minguou em praticamente todas as áreas. Apenas no norte do Estado os índices variaram entre 250 e 300 mm. Em Ji-Paraná, por exemplo, a chuva acumulada em janeiro não passou de 10 mm, quando a média é de 300 mm. No Cone Sul também choveu muito pouco, o que agravou e muito a cultura do arroz, principalmente em Vilhena, onde foram registradas perdas enormes.

Em janeiro de 2003 a chuva se normalizou em Rondônia. Foram registrados volumes dentro da média em praticamente todo o Estado, salvo apenas o oeste, na fronteira com a Bolívia, onde as anomalias ficaram negativas.

O mês de janeiro de 2004 foi marcado por fortes temporais no Estado, principalmente as cidades da região de Ariquemes que sofreram com o excesso de chuva. Nesses pontos, a chuva variou entre 400 e 500 mm.

Em 2005 houve anomalia negativa de chuva novamente no mês de janeiro. Choveu de forma mais uniforme apenas nas regiões de Vilhena e Nova Mamoré

Janeiro de 2006 terminou com chuvas dentro da média no Estado. Os maiores volumes, segundo o INPE, foram observados nas regiões de Porto Velho e Machadinho d’ Oeste, ambos com valores variando entre 350 e 500 mm.


Ariquemes
A região de Ariquemes, rica em minérios, Monte Negro, Cujubim, Machadinho d’ Oeste, uma das regiões que mais são exploradas em Rondônia, vamos para a terra, para o garimpo. Só lembrando que como garimpo, com a extração do ouro, diamante, bauxita, cassiterita, temos, além da destruição das áreas que deveriam ser de conservação ambiental, protegidas por leis federais, que agora estão com suas matas viradas a carvão, rios assoreados e poluídos com o “desenvolvimento” da região. Não podemos deixar de lado as belas erosões, as famosas boçorocas que tangem o solo com uma velocidade jamais vista. Mas, todavia, estamos fazendo o “desenvolvimento” de Rondônia.


Porto Velho
O destino de chegada agora é Porto Velho, centro das atenções de todos. Falar da falta de infra-estrutura da cidade já faz parte do vocábulo de todos. Desde a sua fundação em 1914, Porto Velho não suporta a força das águas e seus córregos e igarapés que cortam de um lado ao outro, jamais foram restaurados totalmente a fim de dar vazão ás águas pluviais. As poucas canaletas, bueiros e tubos de armazenamento das águas, ora estão danificados, ora entupidos pela má conversação do poder público e da população.

Se políticas concretas não forem tomadas a tempo e a união entre os que julgam zelar pelo “desenvolvimento” da Amazônia não for um fato notório, engajado, o rondoniense, assim como muitos mineiros, paulistas que sofrem agora com a falta de uma política organizada, irá sofrer e muito nos próximos anos com o agravamento da situação climática. Parece que não, mas, Rondônia será um dos Estados mais afetados pelas mudanças climáticas, por estar bem ao centro do continente, os extremos ficarão cada vez mais severos. E essa mudança não será daqui há 50, 100 anos não, o resultado já está ai estampado na cara de muitos, e tão breve, se nada for concretizado para reverter à situação, Rondônia vai amargar anos e anos explorados para o “desenvolvimento”.

Com a legalização da construção das hidrelétricas do Madeira, a população tende em aumentar muito devido às ofertas de emprego, e Porto Velho pode passar de uma simples imagem do progresso, para a do caos. Isto não é suposição, é fato!

Outro fator que complementa tudo isso foi divulgado hoje pelo IBGE, Rondônia tem o maior percentual de área desmatada.

Com a consolidação da ocupação produtiva do Centro-Oeste na década de 1990, a expansão agrícola começou a pressionar de forma mais direta as áreas de floresta e outras formações vegetais da Amazônia Legal. O desmatamento causado pelas atividades de agropecuária e mineração tem sido responsável pela alteração de grandes porções de áreas com cobertura vegetal nativa. O mapa também mostra os focos de calor observados em 2003 por meio de imagens de satélite.

Rondônia é o estado com maior percentual de área desmatada em relação ao território (28,50%). Até 1978, esse percentual era de apenas 1,76%. Segundo estudiosos do tema, as principais causas do desmatamento, na Amazônia como um todo e especificamente em Rondônia, são o crescimento da população, em razão da migração estimulada pelo governo, o crescimento da indústria madeireira, aliado à ampliação da rede viária, e as queimadas realizadas para manejo de pastagens e áreas agrícolas.

Em termos absolutos, a maior área de vegetação devastada está no Pará, predominantemente ao longo de rodovias federais como a Transamazônica (BR-230) e a BR-163, além da PA-150 (estadual). No oeste do estado, um garimpo clandestino de ouro em áreas vizinhas à Floresta Nacional de Altamira também ameaça essa unidade de conservação. Usinas de ferro-gusa ao longo da Estrada de Ferro Carajás também foram até 2003 fortes frentes de desmatamento.

Em Mato Grosso, as grandes áreas de desmatamento estão ao longo das rodovias BR-364, BR-163 e MT-158, relacionadas ao avanço da agropecuária e, em menor proporção, ao garimpo de ouro. A produção de grãos também se expande no Tocantins, Maranhão, sul e norte do Pará e algumas cidades do Amazonas, de Roraima e Rondônia.

O Amapá tem a menor proporção de desmatamento, apenas cerca de 0,50% do território.

Daniel Panobianco - pesquisador

Foto: Rio Machado, em Ji-Parana. No dia 05 de janeiro de 2007 seu nível chegou a 9,30 metros, colocando em risco pelo menos 15 mil pessoas que vivem às suas margens.

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