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Quarta-feira, 14 mai 2014 - 11h23
Por Rogério Leite

Afinal, o que aconteceu no Hemisfério Norte há 12 mil anos atrás?

Há cerca de 12800 anos, um evento rápido e de grandes proporções causou uma intensa onda de frio que dizimou mamíferos e homens pré-históricos no hemisfério norte. Alguns atribuem isso à queda de um objeto espacial, outros descartam essa ideia.

Cometa Cultura Clovis


Até agora, a ideia predominante era que o evento de destruição em massa tinha sido provocado pelo impacto de um asteroide ou cometa. Na busca por evidências, Os defensores dessa teoria estudaram os sedimentos de 29 locais na América do Norte e Europa e coletaram amostras que indicavam que algum evento de grandes proporções ocorreu há 12800 anos.

Agora, um grupo de pesquisadores independentes re-analizou todas as datas do material geológico que representa supostamente o impacto e descobriu que a cronologia dos sedimentos não bate.

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De acordo com artigo publicado esta semana pela Academia Nacional de Ciências, dos EUA, somente 3 dos 29 sítios arqueológicos estão datados corretamente. Os outros locais, ou não foram datados com métodos radiométricos usuais ou são mais jovens ou mais velhos que o suposto impacto.

"As datas não combinam, disse o arqueólogo David Meltzer, líder do estudo e ligado à Southern Methodist University, de Dallas, nos EUA.

Caçadores na Cultura Clovis

Para o Meltzer, não há dúvida de que algo importante aconteceu na região em torno de 12800 anos atrás. As temperaturas no Hemisfério Norte caíram intensamente e caçadores habilidosos conhecidos como Cultura Clovis desapareceram do que hoje é o oeste dos Estados Unidos. Muitos dos grandes mamíferos da América do Norte, como os mamutes, foram totalmente extintos.

Esse período de resfriamento, chamado de "Dryas Recente" ocorreu há cerca de 12700 a 11500 anos. No Reino Unido, evidências sob a forma de fósseis de escaravelhos sugerem que a temperatura chegou a cair aproximadamente 5°C ao ano.


Assinaturas de carbono
Proponentes da teoria do impacto dizem que muitas evidências apontam para a colisão de um objeto cósmico, entre eles pequenos diamantes formados pela alta pressão de um impacto e fuligem e carvão de fogueiras, possivelmente desencadeadas por incêndios causados pelo impacto.

Os adversários respondem que há outras explicações para estes materiais e que uma explosão de cometa ou asteroide deveria ter deixado uma enorme impressão digital como registro geológico, mas nada do tipo foi encontrado.

Para verificar a precisão das datas, os pesquisadores passaram a estudar novamente as literaturas originais que descrevem os 29 sítios arqueológicos, que se acreditava serem de 12800 anos de idade.

O estudo apontou que muitas dessas ligações eram tênues, entre eles uma característica glacial em Alberta, no Canadá, que tinha sido datada como cerca de 13 mil de idade. Para os especialistas essa data foi estimada, baseada em características glaciais semelhantes situadas a 2600 quilômetros de distância, formadas por uma camada de gelo diferente.

Em outros lugares as datas de radiocarbono descritos como 12800 anos de idade tinham sido recolhidos centenas de metros de distância da suposta camada de impacto. Na Praia de Wally em Alberta, a datação por radiocarbono veio do crânio de um boi almiscarado, Mas os marcadores relacionados ao impacto foram obtidos bem longe dali, em sedimentos encontrados dentro de um fóssil diferente.

Juntas, as datações falham na tentativa de provar que algo grandioso e simultâneo aconteceu em todos os 29 locais há 12800 anos. "Por enquanto, não há nenhuma razão ou evidência para aceitar a alegação de um impacto extraterrestre", concluíram os cientistas em trabalho publicado no periódico Nature.

Do outro lado, os apoiadores da teoria do impacto não concordam. "A análise das datas feitas por Meltzer é demasiadamente simplista e claramente inclinada às suas convicções", disse Richard Firestone, químico nuclear ligado ao Laboratório Nacional Lawrence Berkeley e líder da teoria do impacto.

De acordo com Firestone, os erros na datação por radiocarbono significa que nem todos os sítios vão cravar exatamente 12800. Além disso, muitos dos argumentos de sua equipe dependem de cruzamento de dados de sítios arqueológicos, alguns com boas datações e outros não.

Meltzer diz que ficaria feliz em aceitar a teoria do impacto, desde que as evidências a apoiem. "Nós meio que demos uma sacudida e um chocalho nessa teoria, mas não encontramos provas de qualquer impacto", disse Meltzer.

Então fica a pergunta: O que aconteceu no hemisfério norte e que fez a temperatura baixar bruscamente há quase 13 mil anos atrás?


Artes: No topo, concepção artística mostra a possível colisão de um cometa com a Terra e que pode ter deflagrado o evento Dryas Recente. Acima, desenho mostra grupo de homens da Cultura Clovis, uma das primeiras civilizações a habitar a América do Norte, entre 10.500 e 11.400 a.C. e que desapareceu durante o período Dryas Recente. Créditos: Apolo11.com.

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