Sexta-feira, 11 mai 2018 - 10h14
Por Rogério Leite
Pesquisadores japoneses confirmaram o que muitos já imaginavam. O lixo produzido pelo ser humano está se acumulando danosamente no fundo dos oceanos, forçando criaturas marinhas a conviverem com sacos plásticos e detritos produzidos aqui na superfície.
Lixo plástico encontrado no fundo do oceano, na região da Fossa das Marianas. De acordo com estudo, publicado pela Agência Japonesa para Ciência e Tecnologia - JAMSTEC - até na fossa das Marianas, o local mais profundo dos oceanos, sacolas plásticas inteiras foram encontradas a 10 mil metros de profundidade. A descoberta foi obtida após o registro de milhares de imagens e dados coletados por submarinos robóticos, durante missões que tinham como objetivo o estudo das presença de plásticos em águas profundas.
Embora vários oceanos tenham sido explorados, a maioria dos registros foi obtida no oeste do Pacífico Norte, onde as imagens mostraram que a existência de 335 itens diferentes a cada 1 quilômetro quadrado. A pesquisa foi realiada entre 1983 e março de 2017 e revelou pelo menos 3425 tipos de detritos em profundidades de mais de 6 mil. Desse total, cerca de um terço desses detritos eram produtos feitos de plástico, que levam centenas e centenas de anos para serem biodegradados.
Chamou a atenção dos cientistas a interferência humana sobre o ecossistema. Algumas imagens mostram plásticos ao lado de estrelas do mar, peixes e outras criaturas marinhas.
Os cientistas analisaram 90 crustáceos que vivem entre 7 e 10 mil metros de profundidade e descobriram que seus tratos intestinais continham vários tipos de fibras sintéticas usadas na produção de náilon, poliamida, polietileno e PVC. “Infelizmente, o estudo mostra que os detritos plásticos, particularmente produtos de uso único, atingiram as partes mais profundas do oceano”, escrevem os autores da pesquisa. Segundo eles, o destaque da descoberta foi a distribuição onipresente dos plásticos até mesmo nas maiores profundidades da Fossa das Marianas, o que mostra que há uma ligação clara entre as atividades humanas diárias e os ambientes remotos, onde nenhuma atividade humana direta ocorre. "O presente estudo sugere que todas as espécies pelágicas, mesopelágicas e de profundidade no oeste do Pacífico Norte podem estar em risco".
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