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Segunda-feira, 16 abr 2007 - 09h29

Cientistas estudam efeito da areia no interior dos furacões

Atire gasolina em um incêndio e as chamas vão arder como no inferno. Atire areia em um incêndio e as chamas serão sufocadas. Mas o que aconteceria se você puder jogar areia em um furacão? Isso não é brincadeira, mas uma questão muito séria.

Muitos furacões nascem nas águas atlânticas, muito próximo da costa da África. Ali se formam diversas tempestades que por razões ainda estudadas e não bem conhecidas, transformam-se em verdadeiros monstros que muitas vezes cruzam o oceano Atlântico e atingem as Américas, milhares de quilômetros a oeste.

Por ser o local da formação dos furacões muito próximo ao deserto do Saara, uma grande quantidade de finas partículas de areia é soprada diretamente para o interior da região da gênese dos furacões. O que acontece então?

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"Existem pelo menos duas possibilidades", diz Bill Lapenta, um cientista da atmosfera, ligado ao Centro Espacial Marshall, da NASA. "A poeira pode aumentar a intensidade dos furacões, com seus grãos servindo como pontos de nucleação para as nuvens e gotas de chuva. Isso pode causar a intensificação de uma jovem tempestade, pois a chuva é peça chave da "máquina de calor" no interior dos furacões. Por outro lado, o ar seco e poeirento pode ter um efeito inverso, sufocando uma tempestade em desenvolvimento através da alteração do padrão normal de circulação".

Então, qual das duas teorias está correta? Para tentar resolver esta questão, Lapenta e seus colegas não pouparam esforços e recentemente entraram diretamente dentro de um furacão carregado de poeira do deserto e lá coletaram uma série de dados que deverão ajudá-los nesta resposta.

Junto com dezenas de outros cientistas, Lapenta passou o outono nas ilhas Cabo Verde, a oeste da costa africana, com o objetivo de flagrar os furacões no momento que estavam nascendo. Batizado de NAMMA, ou NASA African Monsoon Multidisciplinary Analyses, (Análise Multidisciplinar das Monções Africanas), a missão monitorava a região em busca de promissoras células de tempestades. Quando as encontrava, informava ao grupo de coleta de dados sobre a possibilidade de formação de um furacão, e imediatamente decolava a bordo de um avião-laboratório DC-8 da NASA.

O avião, equipado com modernos sensores meteorológicos voava em direção à célula, circulando e penetrando diretamente em seu interior, ao mesmo tempo em que satélites, balões estratosféricos e radares baseados em terra também colhiam mais dados.

"Conseguimos amostrar dados dois dias seguidos de uma das tempestades", recorda Lapenta. "No primeiro dia nossos instrumentos detectaram pouquíssima quantidade de poeira no interior da tempestade, que estava muito limpa e cristalina. Mas no dia seguinte, usando o mesmo avião e os mesmos instrumentos, detectamos montes de poeira." De um dia para outro, a tempestade se comportou como um verdadeiro "espanador de pó", dispersando minúsculas partículas da atmosfera.

Dias depois, essa mesma tempestade se transformou em Helena, um furacão categoria 3 na escala Saffir-Simpson e um dos mais intensos da temporada de 2006.

Então é correto dizer que a poeira intensifica os furacões? Lapenta não está tão certo dessa conclusão. "Esse é um problema ainda muito complicado", explica. "A poeira é um dos fatores na formação dos furacões, mas existem outros também. Os ventos em várias altitudes, a umidade, temperatura da água do mar, todos fazem parte do jogo. O efeito da poeira pode ser uma 'situação dependente', o que significa que depende de como o resto da atmosfera reagirá quando a poeira se misturar. Ainda estamos analisando os dados para ter uma visão melhor do conjunto", completo o cientista.

O projeto NAMMA ainda está no começo. Serão três anos de coleta de dados e estudos, além de mais dois anos para elaboração de um modelo matemático capaz de trazer mais luz a essa questão. Ansiosos, os cientistas aguardam.

Fotos: No topo, imagem captada pelo satélite de sensoriamento Terra mostra uma violenta tempestade de poeira e areia, originada no deserto do Saara, sopra sobre as Ilhas Canárias, em novembro de 2006. Na segunda foto, menor, o pesquisador Philip Parker, da Universidade do Alabama, a bordo do avião-laboratório DC-8, monitora um furacão. Por último o furacão Helena, que alguns dias antes era monitorado como uma promissora tempestade.

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