Pesquisas prevêem África mais seca no século 21

Modelos para o clima global criados no computador mostram que a região do Sahel, uma faixa de terra sai da costa do oceano Atlântico que inclui a Etiópia e a Eritréia, e o sul da África vão secar de forma substancial durante este século.

O índice pluviométrico na região africana do Sahel caiu muito no final do século 20, com secas responsáveis por milhões de mortes.

As pesquisas foram divulgadas dias depois da abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

"Nosso modelo prevê que a região do Sahel será extremamente seca no futuro", afirmou Isaac Held, do setor de Administração Nacional Oceanográfica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, na sigla em inglês), cuja equipe publica os resultados da pesquisa na revista científica Proceedings fo the National Academy of Sciences (PNAS).

"Se comparamos estes dados contra as secas nas décadas de 70 e 80, o final do século 21 parece ainda mais seco, uma redução de 30% no índice de chuvas em comparação com a média do último século", disse.

O índice de chuvas do Sahel caiu dramaticamente na segunda metade do século 20, desde a década de 70 metade da região está enfrentando a seca.

No final da década de 80 começou uma recuperação, mas os níveis de chuva nunca alcançaram os apresentados antes da década de 70.

Sul do continente

A região ao sul da África conseguiu índices de chuva melhores dos que os da região do Sahel, mas a pesquisa feita por outro grupo dentro do Noaa, liderado por Marty Hoerling, também projetou um futuro mais seco para a região.

"Entre 1950 e 1999, houve um declínio de cerca de 20% no índice de chuvas de verão na região do sul da África. Nosso modelo indica mais secas no futuro, com o epicentro deste fenômeno se movendo mais para o sul do continente", disse Hoerling.

A pesquisa de Hoerling foi submetida para publicação na Revista de Clima.

Modelos que projetam o clima no futuro não são exatos e outros modelos criados com a ajuda de computadores a respeito de regiões africanas tiveram resultados diferentes.

Mas os últimos resultados destas pesquisas mostraram o impacto da mudança climática gerada pela atividade humana em alguns dos países mais pobres do planeta.