Sexta-feira, 22 dez 2023 - 10h34
Por Rogério Leite
Enviar um streaming de vídeo em alta definição a partir de espaçonaves extremamente distantes é um dos maiores desafios da atual tecnologia espacial. Os métodos usados na Terra não funcionam no espaço, mas um teste alternativo feito a 16 milhões de km da Terra pode mudar essa realidade.
Gato Taters brinca com ponto de laser em video emitido a 16 milhões de km da Terra. Aqui na Terra, para que os streamings ou conexões de dados de alta velocidade funcionem adequadamente é necessário que o sinal transmitido tenha uma boa potência elétrica. É só colocar o wi-fi na outra sala, por exemplo, que inevitavelmente ocorrerão travamentos e perdas de conexão devido à diminuição da potência do sinal. No espaço acontece a mesma coisa.
Para transmitir os dados ou fotos em alta-definição, os engenheiros de telecomunicação quebram os dados em diversas partes e os enviam aos poucos. Aqui na Terra eles são remontados, para serem estudados ou divulgados. No caso dos vídeos, a demora no processo é extremamente grande, uma vez que são formados por milhões de frames, enviados aos pedaços. Esse método de transmissão é uma das maiores limitações para o envio de dados em tempo real, como é o caso de streamings de vídeo.
De acordo com Trudy Kortes, chefe do projeto junto à NASA, essa conquista é um dos vários marcos críticos a serem realizados nos próximos meses e abre caminho para comunicações com taxas de dados ainda mais altas, capazes de enviar informações científicas ou vídeos de alta definição nas missões da humanidade à Marte. Segundo comunicado da Nasa, o vídeo tinha apenas 15 segundos de duração e foi transmitido a uma taxa de 267 megabits por segundo.
“Apesar de ser transmitido a milhões de quilômetros de distância, o vídeo chegou do espaço mais rápido do que a maioria das conexões de internet de banda larga”, disse Ryan Rogalin, do JPL. “Na realidade, depois de receber o vídeo em Monte Palomar, ele foi retransmitido ao JPL, na Califórnia, através da internet e essa conexão era mais lenta que o sinal vindo do espaço profundo”, disse o pesquisador. Embora a demonstração seja um passo importante, não significa que os problemas de comunicação interplanetária estejam resolvidos. Quanto mais longe a nave espacial estiver da Terra, mais difícil será apontar o laser com a precisão necessária para que a mensagem seja decodificável, uma vez que a perda de potência continua a existir. Além disso, à medida que a distância aumenta, mesmo com os sinais viajando na velocidade da luz, tanto a nave espacial como a Terra irão se mover e os ajustes de apontamento se tornarão mais críticos. Para termos uma ideia das necessidades cada vez maiores, durante a missão Magalhães à Venus a NASA descarregou um total de 1,2 terabits durante os quatro anos da missão. Em 4 de dezembro de 2023, em preparação para a estreia do gato "influencer" Taters, a nave Psyche já enviou 1,3 terabits em apenas alguns testes, em velocidades cada vez maiores.
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