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Com guerra, Iraque perdeu 12 mil peças arqueológicas
São Paulo, 28 de Abril de 2005
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O governo de Saddam Hussein desintegrou-se e as recém-chegadas forças de coalizão lideradas pelos Estados Unidos não conseguiram impedir um crime contra a história.

Contrabandistas profissionais ligados à máfia internacional de antigüidades conseguiu violar algumas das portas trancadas das salas de armazenamento do Museu de Bagdá.

Eles saquearam artefatos de valor incalculável, como a coleção inteira de selos cilíndricos do museu e um grande número de esculturas assírias de marfim.

Mais de 15 mil objetos foram levados. Vários deles foram contrabandeados para fora do Iraque e oferecidos no mercado.

Até agora, 3 mil foram recuperados em Bagdá, alguns devolvidos por cidadãos comuns, outros pela polícia. Além disso, mais de 1,6 mil objetos foram confiscados nos países vizinhos, cerca de 300 na Itália e mais de 600 nos Estados Unidos.

A maioria das peças roubadas não foi encontrada, mas alguns colecionadores privados no Oriente Médio e na Europa admitiram possuir objetos com as iniciais IM (número de inventário do Museu do Iraque).

Sítios arqueológicos destruídos
Um número crescente de websites também oferece artefatos da Mesopotâmia - com até 7 mil anos - para venda.

Sem dúvida, há mais objetos falsos apregoados na internet do que autênticos, mas a mera existência deste mercado estimulou o saque de sítios arqueológicos no sul do Iraque.

O quadro é horrendo. Mais de 150 sítios sumérios que datam do milênio 4 a.C. – tais como Umma, Umm al-Akkareb, Larsa e Tello – foram destruídos, transformados em crateras cheias de fragmentos de cerâmica e tijolos quebrados.

Se escavados de maneira apropriada, estes sítios - que, estima-se, cobrem 20 quilômetros quadrados - podem nos ajudar a aprender sobre o desenvolvimento da raça humana.

Mas os saqueadores destruíram os monumentos de seus próprios ancestrais, apagando sua própria história em uma busca incansável de um selo cilíndrigo, uma escultura ou uma tábua cuneiforme que eles podem vender para um intermediário por uns poucos dólares.

É um trabalho duro, mal-pago, realizado por iraquianos desempregados sem meios de ganhar um salário melhor.

"Um selo cilíndrico ou uma tábua cuneiforme rendem menos de US$ 50 no local para o saqueador", explica o arqueólogo responsável pelo distrito de Nasiriya, Abdul Amir Hamadani.

"É um desastre o que todos estamos observando, mas que pouco podemos fazer para evitar. Com a ajuda de 200 recém-recrutados policiais, nós estamos tentando acabar com os saques patrulhando sítios o quanto podemos."

"Mas nós agora estamos totalmente sozinhos. Tropas de carabinieri italianos são as únicas forças da coalizão trabalhando ativamente nesta questão por uns poucos meses. Eles costumavam patrulhar a região por terra e por ar. Eles pararam todas as suas operações e agora estão simplesmente ajudando a treinar guardas e policiais."

Botas pesadas
As próprias forças de coalizão danificaram sítios arqueológicos ao usá-los como bases militares.

A retirada de tropas da coalizão da Babilônia revelou a ocorrência de danos irreversíveis a uma das sete maravilhas do mundo antigo.

Um relatório alarmante do administrador do departamento de Oriente Próximo do Museu Britânico, John Curtis, conta como áreas no meio de um sítio arqueológico sofreram terraplanagem para que se criasse uma área para helicópteros e estacionamento de veículos pesados.

"Eles causaram danos substanciais no Portão Ishtar, um dos monumentos mais famosos da antigüidade", escreveu Curtis.

"Veículos militares dos Estados Unidos esmagaram pavimentos de tijolos de 2,6 mil anos, fragmentos arqueológicos foram espalhados pelo sítio, mais de 12 trincheiras foram cavadas sobre depósitos da antigüidade e projetos militares de deslocamento de terra contaminaram o sítio para futuras gerações de cientistas."

"Soma-se a isso todo o dano causado a nove das figuras moldadas de tijolos de dragões no Portão de Ishtar por pessoas que tentaram remover os tijolos da parede."

Não terá fim a destruição do patrimônio histórico do Iraque, a menos que os líderes do país tomem uma decisão política de considerar arqueologia uma prioridade.

Por isso, a rede de comerciantes em Bagdá tem que ser apreendida, saques no sul têm que ser confrontados de maneira eficaz e as forças de coalizão tem que ser impedidas de montar bases em sítios arqueológicos.

Quanto mais tempo o Iraque ficar em estado de guerra, mais o berço da civilização estará ameaçado.

Pode nem durar o suficiente para que nossos netos aprendam com esse patrimônio.

Joanne Farchakh Bajjaly é uma arqueóloga independente e jornalista que cobre o Oriente Médio. Ela estuda o patrimônio histórico iraquiana há sete anos.

BBC





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