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Segunda-feira, 10 mar 2008 - 11h19

As estranhas e misteriosas crateras descobertas em Mercúrio

Durante a aproximação da sonda Messenger do planeta Mercúrio no último dia 14 de fevereiro, pudemos ver, pela primeira vez, inúmeras feições do planeta ainda desconhecidas por nós. Afinal, Messenger foi a primeira nave terrestre a visitar o planeta depois de 33 anos e suas câmeras de alta resolução tinham muito a nos mostrar e surpreender.

Passado quase um mês, as surpresas ainda continuam. Estudando a grande quantidade de fotos enviadas pela sonda, cientistas espaciais encontraram diversas crateras com estranhos discos, ou halos, escuros ao redor. Uma delas, especialmente, possui um fundo bem mais brilhante e pronunciado.

"Esses halos são excepcionais", disse Clark Chapman, ligado ao Instituto de Pesquisas do Sudoeste, em Boulder, Colorado. "Nunca tínhamos visto nada igual e sua formação é realmente um mistério".

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As duas crateras vistas na parte inferior da imagem acima estão localizadas no interior da bacia Caloris, uma gigantesca depressão formada há bilhões de anos atrás, quando Mercúrio colidiu com um cometa ou asteróide. Para se ter uma idéia, a maior das duas crateras tem aproximadamente 70 quilômetros de diâmetro. Observe que ambas têm discos (halos) escuros ao seu redor e uma delas, a que se encontra à esquerda, está parcialmente preenchida com um material ainda desconhecido e bem mais claro.

Ainda é cedo para se afirmar com certeza algo sobre os halos, mas Chapman oferece pelo menos duas explicações para o fenômeno.

A Teoria da Camada de Bolo - Pode existir uma camada de material mais escuro abaixo da superfície da Bacia Caloris, resultando em bordas mais escuras ao redor das crateras. Essa camada ficou a mostra após a superfície ser penetrada. Se essa camada subterrânea realmente existir, ela não pode ser a única na Bacia. "Já encontramos diversos halos escuros fora da Bacia Caloris, sendo pelo menos dois deles próximos ao pólo Sul de Mercúrio", disse Chapman.

O Modelo da Vitrificação por Impacto - Neste caso, a energia proveniente do choque fundiu algumas rochas da superfície mercuriana, talvez pedras que foram arremessadas até as bordas. Com o tempo esse material voltou a se solidificar, produzindo uma substância vítrea mais escura. De acordo com Chapman, material similar, criado pela fusão provocada por impacto também são encontrados ao redor de algumas crateras na Terra e na Lua. Se essa teoria estiver correta, os futuros astronautas que um dia chegarem a Mercúrio poderão encontrar campos de cacos de vidro ao redor da borda das crateras.

Chapman lembra que a Lua também tem algumas crateras com halos escuros ao redor. "A cratera Tycho é um exemplo bem conhecido". No entanto, os halos lunares tendem a ser mais tênues ou fragmentados. "Esses halos encontrados em Mercúrio são muito mais pronunciados e perfeitamente distinguíveis", explicou o cientista.

A diferença entre os halos da Lua e os de Mercúrio pode ser explicado pela diferença do campo gravitacional. Na lua, a força da gravidade é menor e as partículas geradas pelo impacto podem se propagar a grandes distâncias, se dispersando facilmente e tornando sua observação acumulada mais difícil. Em Mercúrio, por sua vez, a força gravitacional é o dobro, fazendo com que os fragmentos de impactos não possam voar para tão longe, se concentrando em áreas mais próximas ao choque. Essa maior concentração permite que sejam detectados mais facilmente.


Mais mistérios
As teorias de Chapman tentam explicar os halos ao redor das crateras, mas nenhuma delas é capaz de explicar a razão de algumas delas terem o fundo mais brilhante que as áreas vizinhas. "Esse é o grande mistério", diz o cientista.

Superficialmente, a área brilhante lembra uma cobertura de gelo sendo refletida pelo Sol, mas isso não é possível, já que no momento da imagem a temperatura da superfície de Mercúrio era de aproximadamente 400 graus Celsius. Uma possibilidade é que o material refletivo faça parte de outra subcamada, similar à idéia proposta pela Teoria da Camada de Bolo. "Até agora não ouvi nenhuma teoria convincente da nossa equipe de pesquisadores", disse Chapman. "Não sabemos nada de nada. Não sabemos qual o tipo de material, por que brilha tanto e porque está localizado especialmente no interior dessa cratera".

Felizmente, a sonda Messenger coletou uma grande quantidade de dados necessários para resolver esse quebra-cabeça. Espectrógrafos a bordo da nave escanearam as crateras durante a aproximação e as cores das raias deverão revelar os minerais envolvidos. "Os dados estão sendo calibrados e analisados", disse.

Mas, e se os dados coletados não forem capazes de fornecer uma resposta?

Essa também é uma boa pergunta. Existem ainda duas aproximações previstas para a Messenger: uma em outubro de 2008 e outra em setembro de 2009, ambas antes de a sonda entrar definitivamente na órbita de Mercúrio, previsto para 2011. "Durante todo esse tempo estaremos tentando solucionar esse mistério - e provavelmente muitos outros mistérios serão revelados".

Clique aqui para saber sobre a aproximação da sonda Messenger do planeta Mercúrio.

Fotos: Duas imagens feitas pela sonda Messenger em fevereiro de 2008. No topo, duas crateras intrigantes no interior da Bacia Caloris. Acima, cena do pólo de Mercúrio, onde formações similares às da Bacia Caloris também foram encontradas. Crédito: Nasa e Instituto de Física Aplicada da Universidade Johns Hoppinks, EUA. Clique sobre as cenas para amplia-las.

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