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Quinta-feira, 2 abr 2009 - 10h26

Número de manchas solares é o menor dos últimos 96 anos

Um fato bastante interessante tem chamado a atenção dos cientistas que estudam o comportamento do Sol. Durante 266 dias, 73% do ano de 2008, nenhuma mancha solar foi observada na superfície do Sol. Para encontrar algum paralelo histórico os pesquisadores precisaram voltar até o ano de 1913, quando o ano permaneceu 311 dias sem a presença de manchas. E o mais interessante: 2009 pode bater esse recorde e já apresenta 87% do período sem uma manchinha sequer. O que está havendo com o Sol?

De acordo com o físico Dean Pesnell, do Centro Espacial Goddard, da Nasa, a resposta não podia ser outra. "Estamos passando por um período profundo do Mínimo Solar e não sabemos exatamente porque".

A opinião de Pesnell é compartilhada por David Hathaway, um dos maiores especialistas em comportamento solar, ligado ao Centro Marshall de vôos espaciais, também da Nasa. "Esse é o mais quieto período de atividade solar já visto em quase 100 anos", disse o cientista

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Ciclo Solar
Normalmente, o Sol apresenta ciclos de alta e baixa atividade a cada 11 anos, chamados ciclos solares. Essa alternância foi descoberta pelo astrônomo alemão Heinrich Schwabe por volta de 1850. Durante o ciclo o Sol passa por momentos alternados de alta e baixa atividade eletromagnética, conhecidos por mínimos e máximos solares, acompanhados respectivamente de uma diminuição e aumento no número de manchas observadas em sua superfície.

As manchas observadas são gigantescas ilhas magnéticas do tamanho da Terra e são as fontes dos flares solares, ejeções de massa coronal e intensa emissão de radiação ultravioleta.

Desde que as observações começaram a ser feitas já foram contados 24 ciclos solares até 2009 e o atual mínimo faz parte desse padrão de ciclos. O que não se entende é por que o Sol está há tanto tempo tão quieto.


Mudanças no Sol
Medições feitas pela sonda Ulysses revelaram uma queda de 21% na pressão do vento solar desde 1990, o menor valor já registrado desde que as medições começaram, na década de 1960. O vento solar ajuda a manter os raios cósmicos fora do Sistema Solar interior (onde está a Terra) e sua diminuição permite que mais raios cósmicos penetrem nessa região do espaço, com efeitos diretos na saúde dos astronautas em órbita da Terra. Por outro lado, a diminuição da intensidade significa menos tempestades geomagnéticas em nosso planeta.

Uma série de medições feitas por sondas da Nasa também demonstraram que o brilho solar diminuiu 0.02% no espectro da luz visível e um colossal aumento 6% no espectro do ultravioleta extremo desde 1996. De acordo com os cientistas, essas mudanças não são suficientes para reverter o fenômeno do aquecimento global, mas produzem outros efeitos colaterais.

A alta atmosfera é menos aquecida pelo Sol e dessa forma é menos deslocada para cima. Assim, satélites em órbita baixa experimentam menos arrasto atmosférico, o que aumenta sua vida operacional. No entanto, o lixo espacial também permanece mais tempo em órbita, aumentando ainda mais o risco de colisão com outros satélites.

Além da diminuição da luz visível e aumento do ultravioleta extremo, observações feitas por radiotelescópios mostram que desde 1955 as emissões no espectro das ondas de rádio também vêm diminuindo, em especial no comprimento de onda de 10.7 cm (2800 mHz). Segundo os especialistas, a diminuição desses sinais durante o mínimo solar pode ser uma indicação do enfraquecimento do campo magnético global do Sol. No entanto isso não é dado como certo, uma vez que a fonte dessas radio emissões não é totalmente conhecida.


Difícil Resposta
Os números suscitam intensos debates entre os cientistas que tentam compreender se o mínimo solar atual é um extremo ou apenas uma compensação após uma sequência bastante intensa dos máximos solares. "Desde o começo da Era Espacial, no final da década de 1950, a atividade solar tem sido alta", disse Hathaway. "Cinco dos dez mais intensos ciclos solares registrados ocorreram nos últimos 50 anos. Há 100 anos o período de calma durou 266 dias. Para que o mínimo atual seja comparável ao período de 1901 e 1913, será necessário pelo menos mais 1 ano de calmaria solar", explicou Hathaway

A grande divergência entre os modelos matemáticos não ajuda muito, apresentando diferenças significativas entre eles. Além disso, nenhum modelo oferece uma resposta clara sobre até quando vai o mínimo solar atual.


Inverno Implacável
O mínimo solar mais longo da história, o Mínimo de Maunder, ocorreu entre 1645 e 1715 e durou incríveis 70 anos. Manchas solares eram extremamente raras e o ciclo solar de 11 anos parecia ter se rompido. Esse período de silêncio coincidiu com a "pequena Era do Gelo" uma série de invernos implacáveis que atingiu o hemisfério Norte.

Por razões ainda não compreendidas, o ciclo se normalizou no século 18, voltando ao período de 11 anos. Como os cientistas ainda não compreendem o que disparou o Mínimo de Maunder e como pode ter influenciado o clima na Terra, a busca por sinais de que possa ocorrer de novo é um trabalho constante nas pesquisas.


Foto: Violenta ejeção de massa coronal registrada pelo satélite Soho em 2002. Crédito: ESA/NASA

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