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Terça-feira, 25 mar 2008 - 18h23

Objeto que caiu em Goiás é fragmento de foguete americano

Cálculos de decaimento feitos pelo Apolo11 mostram que o artefato que caiu neste final de semana próximo à localidade de Montividiu, em Goiás, é um dos fragmentos do estágio superior de um foguete do tipo Atlas 5 Centaur, que re-entrou na atmosfera na mesma data.

O foguete foi lançado no dia 11 de outubro de 2007 e teve como objetivo a colocação em órbita de um dos satélites militares de comunicação Global SATCOM, dos EUA.

O objeto, de aproximadamente 1 metro de diâmetro, foi encontrado em uma fazenda em Montividiu e segundo moradores do local era leve e provocou uma pequena cratera ao cair.

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Os dados computados coincidem com os valores divulgados pelo Comando de Defesa Aérea dos EUA, NORAD, e mostram que o objeto, classificado com o número Norad 32259 atingiu o ponto de reentrada no dia 22 de março às 01h34 pelo Horário de Brasília, acima da latitude 17.3° S e longitude 143 W, acima do oceano Pacífico.


Semelhanças
Comparando-se as fotos feitas nas fazenda em Goiás com restos de um foguete Atlas que re-entrou na atmosfera em outra ocasião (foto ao lado), pode-se concluir que o objeto é um dos tanques de combustível do segundo estágio do Atlas 5 Centaur.

Técnicos da comissão de energia nuclear estiveram no local afirmaram que não existe perigo de risco radioativo.


Tarefa difícil
Estimar onde um satélite irá cair é uma tarefa extremamente difícil, já que um pequeno erro de cálculo pode se transformar em distâncias de milhares de quilômetros. As chances de qualquer artefato cair em terra firme são de 25%, contra 75% de cair sobre o oceano. A inclinação da órbita do satélite permite, no entanto, englobar ou descartar algumas áreas, já que é ela quem determina os extremos da latitude terrestre sobre a qual o satélite sobrevoa. No caso do Atlas Centaur 5, sua inclinação de 20 graus mostra que regiões situadas acima desta latitude, tanto no hemisfério Norte ou Sul, estão fora do local a possível queda. Montividiu fica sob a latitude de 17 graus sul.


Re-entrada
Naves que re-entram na atmosfera, normalmente se rompem entre 72 e 84 quilômetros de altitude devido à temperatura e forças aerodinâmicas que agem sobre a estrutura. A altitude nominal do rompimento é de 78 km, mas satélites de grande porte que têm estruturas maiores e mais densas conseguem sobreviver por mais tempo e se rompem em altitudes mais baixas. Painéis solares são destruídos bem antes, quando os satélites ainda estão entre 90 e 95 km.

Uma vez que a espaçonave ou seu corpo principal se rompe, diversos componentes e fragmentos continuam a perder altura e se aquecer, até que se desintegram ou atingem a superfície. Muitos dos componentes são feitos em alumínio, que se derretem facilmente. Como resultado, essas peças e desintegram quando a nave ainda está em grandes altitudes. Por outro lado, se um componente é feito com material muito resistente, que precisa de altas temperaturas para atingir o derretimento, pode resistir por mais tempo e até mesmo sobreviver à re-entrada. Entre esses materiais se encontram o titânio, aço-carbono, aço-inox e berilo, comumente usados na construção de satélites.

O interessante é que ao mesmo tempo em que são resistentes às altas temperaturas, esses materiais também são muito leves (por exemplo, chapas de tungstênio) e como resultado a energia cinética no momento do impacto é tão baixa que raramente provoca danos de grande porte. O problema começa com a composição química residual, que dependendo do componente que sobreviveu à re-entrada, pode conter material extremamente tóxico, como a hidrazina, utilizado como combustível ou até mesmo material radioativo, usado na geração de energia elétrica.

Foto: No topo, provável fragmento do segundo estágio do foguete Atlas Centaur 5, localizado em fazenda na localidade de Montividiu, em Goiás. Crédito de Danilo Cunha/O Popular/Agência Estado.
No detalhe vemos o tanque de combustível de um Atlas 5, encontrado na cidade de Jalapa, Guatemala, em 27 de abril de 2003. Repare as semelhanças entre esta peça e a encontrada em Goiás. Crédito: Paul maley. Acima vemos o tanque de pressurização de um foguete Delta 2, que sobreviveu à re-entrada no dia 22 de janeiro de 1997. O tanque pesa 30 quilos e é construído de titânio.

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