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Terça-feira, 2 out 2007 - 11h03

Sputnik: 50 anos de Era Espacial - Parte 2

A superioridade soviética era incontestável e para piorar as coisas, em dezembro de 1957 o Sputnik-2, com a cadela Kudriavka a bordo, passou sobre Meulbourne Beach, na Flórida, e pode ser fotografado por um gigantesco telescópio de rastreio que acompanhava os lançamentos americanos. Depois de interpretar as imagens, os especialistas ficaram ainda mais impressionados e concluíram que Sputnik-2 consistia de dois módulos: o satélite e o último estágio do foguete juntos. O conjunto tinha mais de 25 metros de comprimento e seu peso deveria ser de mais de 3 mil quilos.

Sputnik 2: Cadela Laika

Duas semanas antes, em 6 de dezembro de 1957, neste mesmo local sobrevoado pela cadela russa, os americanos tinham feito a primeira tentativa de lançar seu primeiro satélite ao espaço, o Vanguard. O fracasso não poderia ter sido pior e nas palavras de Kurt Stehling, um dos engenheiros envolvidos no projeto, "a plataforma parecia as portas do inferno, com línguas de fogo para todo o lado". O foguete estremeceu e tombou, fazendo chacoalhar até mesmo a casamata a mais de 5 quilômetros de distância.

Em outras palavras, os russos tinham em órbita dois artefatos, um deles com mais de 3 toneladas, enquanto os americanos ainda nem tinham conseguido lançar seu diminuto Vanguard, de meros 2 quilos.

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von braun
Wernher von Braun
Com o fim da segunda Guerra Mundial, em 1945, o espólio de cientistas e técnicos alemães havia sido repartido entre as nações vencedoras. Enquanto os russos ficaram com diversos engenheiros de produção e poucos cientistas, os EUA, ao contrário, ficaram com a nata dos cientistas e poucos engenheiros. Entre os cientistas trazidos pelos EUA estava nada menos que o chefe do programa nazista das bombas-foguete V2, Wernher von Braun, além de 120 projetistas que trabalhavam com ele.

Cinco dias depois do lançamento do Sputnik-2, foram dadas a von Braun e sua equipe ligada ao exército americano, as ordens pelas quais vinham esperando há mais de dois anos. Foi lhes ordenado que colocassem um satélite em órbita no menor espaço de tempo possível. Von Braun prometeu fazer o trabalho em 90 dias.

Quando o presidente Eisenhower anunciou, em 1955, que a marinha é quem iria desenvolver o primeiro satélite a ser colocado em órbita, o exército americano deveria deixar de lado os foguetes que estavam sendo desenvolvidos por von Braun, mas isso não aconteceu. O cientista continuou trabalhando em diversos veículos e nas pontas dos cones de reentrada. Em setembro de 1956 um desses foguetes atingiu a velocidade de 8 mil km/h.

Inteligente e precavido, Von Braun "guardou" um desses foguetes no hangar e sempre dizia, bem humorado, que "era para alguma ocasião muito especial". Braun adorava mostrá-lo aos visitantes e profeticamente anunciava: "Este foguete vai colocar em órbita o primeiro satélite do mundo".

Lançamento satélite Explorer
Explorer-1
Von Braun estava quase certo e cumpriu a promessa. Em 13 de janeiro de 1957, 84 dias depois de iniciados os trabalhos, aquele foguete, guardado para uma "missão muito especial", colocava em órbita o Explorer-1, o primeiro satélite americano.

O Explorer-1 foi projetado e construído pelo Laboratório de Propulsão a Jato, ligado ao Instituto de Tecnologia da Califórnia, sob direção de William H. Pickering, um dos nomes mais conhecidos do programa espacial americano. A instrumentação do Explorer-1 ficou a cargo do Dr. James Van Allen, da Universidade de Iowa.

O satélite foi colocado em órbita de 360 km de perigeu e 2520 km de apogeu, dando uma volta ao redor da Terra a cada 115 minutos. A instrumentação de bordo consistia em um detector de raios cósmicos, um sensor de temperatura interna, três sensores de temperatura externa e outro sensor de temperatura instalado no cone do nariz do satélite. Além desses instrumentos, o Explorer-1 também levava um microfone para registrar o impacto de micrometeoritos.

O Explorer foi um sucesso absoluto e nas primeiras horas após o lançamento já obtinha resultados práticos da alta atmosfera, ao comprovar a existência de uma espécie de zona de partículas carregadas acima de 700 km de altitude. Essa região energizada já havia sido proposta pelo físico Nicholas Christofilos, na década de 1940 e foi batizada de Cinturão de Van Allen.

Apresentação do satélite Explorer


A corrida continua
É interessante notar que no primeiro ano da Era Espacial, os americanos já superavam os russos em números de lançamentos. Durante todo o ano de 1958 a União Soviética só havia colocado em órbita o Sputnik-3, de quase 1400 quilos de peso. Por outro lado, os EUA, em apenas 1 ano de conquista espacial, já tinha lançado cinco satélites e mais três sondas lunares. Apesar do sucesso parcial, essas três últimas enviaram aos cientistas as primeiras informações diretas sobre regiões acima de 112 mil km de altitude e estabeleceram com precisão os limites do Cinturão de Van Allen, uma região até então desconhecida.

Dia após dia as conquistas do espaço se avolumavam, até que outro evento alguns anos depois, impulsionou ainda mais a corrida rumo ao espaço. Pela primeira vez na história, o Homem se libertava da Terra e podia contemplar nosso planeta de forma completamente diferente e marcante. Uma voz, vinda do espaço, exclamava a quem quisesse ouvir: a Terra é azul!

Fotos: No topo, a cadela Kudriavka , da raça Laika, foi o primeiro animal vivo a orbitar a Terra. Na seqüência o alemão Wernher von Braun, considerado o "pai" da astronautica americana e o lançamento do foguete Juno-1 que levou o Explorer ao espaço. Acima, o trio de cientistas apresenta uma réplica do Explorer-1 à imprensa: à esquerda, Dr. William H. Pickering, no centro Dr. James van Allen e à direita, Wernher von Braun.

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