Espaço - Ciência - Fenômenos Naturais

A 7200 km/h, sonda européia se choca com a Lua

Domingo, 3 set 2006 - 16h45
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Conforme planejado, durante a madrugada a sonda européia Smart-1 se chocou com a superfície lunar, produzindo um pequeno clarão, visível por observadores terrestres. O feito provocou uma salva de palmas dos cientistas envolvidos no projeto, reunidos no centro de controle da missão, em Darmstadt, na Alemanha.

Antes de choque desta madrugada, a sonda estava com combustível praticamente esgotado, e iria, mais cedo ou mais tarde, se chocar com a superfície lunar. Para tirar o máximo proveito da missão, decidiu-se por colidir a nave propositalmente com o solo, mas em um local onde pudesse ser visto da Terra, de modo a aumentar ainda mais os estudos da dinâmica do impacto.

O impacto se deu precisamente às 02h42 (Hora de Brasília) e ocorreu sobre as coordenadas 34.4 S e 46.2 W, nas margens do Lago da Excelência, uma antiga cratera com mais de 150 km de diâmetro, localizada no hemisfério sul da Lua.

A Smart-1 tocou a superfície da Lua em uma área escura, próximo ao terminador (grayline ou terminator), a linha que marca a divisão entre o dia e a noite de um objeto celeste. De acordo com os cientistas da ESA, no momento da colisão a velocidade da sonda era de 7.200 km/h e o ângulo de toque com o solo foi de apenas 1 grau.

O impacto foi tão violento que permitiu que observadores em Terra detectassem um pequeno flare (clarão) sendo emitido do local do impacto. Estima-se que o choque tenha produzido uma cratera de 30 metros quadrados e espalhado destroços em um raio de 80 km.

Antes de se chocar com a Lua, a Smart-1 mapeou o próprio local do choque (acima), enviando uma série de imagens da superfície. Durante os momentos finais continuou a enviar fotos e dados telemétricos, o que permitiu aos cientistas a reconstrução dos momentos finais.

Com o impacto desta madrugada, a ESA - Agência Espacial Européia, finaliza um dos mais bem sucedidos projetos científicos sob sua responsabilidade. Além da inovação tecnológica, seu objetivo principal, a missão Smart-1 permitiu um maior aprofundamento da exploração e cartografia lunar.

Por 16 meses, desde que foi lançada em 27 de setembro de 2003, a sonda estudou profundamente a composição mineral do nosso satélite, nos comprimentos de onda visível, infravermelho e raios-x.

Fotos: A imagem superior, captada pelo Observatório Franco-Canadense do Hawaí, mostra o flare (clarão) provocado pela sonda ao tocar o solo do Lago da Excelência. A segunda imagem mostra o local do impacto, próximo ao terminator (linha que divide o dia da noite), escolhido por permitir observações diretas da Terra. Na sequência vemos o terreno lunar, mapeado pela própria Smart-1, momentos antes do impacto.
Por fim, o gráfico mostra o contorno do local do impacto, de acordo com o Telescópio franco-canadense do Hawaí. Note que é clara a elongação para o lado Sul, abaixo, exatamente na direção do deslocamento da Smart-1.

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