Recentemente, dados coletados pela sonda européia Venus Express permitiram descobrir que o mecanismo de perda da água venusiana ocorre na atmosfera do planeta durante o período diurno. Em 2007 a sonda já havia revelado que a maior parte da perda de atmosfera de Vênus ocorria durante a noite. Juntas, as duas descobertas permitiram aos cientistas planetários uma melhor compreensão do que aconteceu com a água de Vênus, que suspeita-se, era tão abundante quanto na Terra.
A descoberta ocorreu após a análise dos dados do magnetômetro MAG, a bordo da sonda, que detectou a inconfundível assinatura da linha do hidrogênio "vazando" do lado iluminado do planeta. "Este era o processo que acreditávamos que ocorria em Vênus, mas é a primeira vez que é medido", disse a cientista Magda Delva, da Academia Austríaca de Ciências e chefe da equipe de investigações.
Segundo a pesquisadora, apesar da baixa concentração da água em Vênus, aproximadamente 2x1024 núcleos de hidrogênio, um dos constituintes da molécula de água, se perdem a cada segundo pelo lado iluminado do planeta.
No ano passado, o instrumento ASPERA (Analisador de Plasma Espacial e Átomos Energéticos) mostrou que havia uma perda muito grande de hidrogênio e oxigênio, que ocorria no lado noturno. A grosso modo, vazavam da atmosfera duas vezes mais átomos de hidrogênio do que de oxigênio. Como a água é constituída de 2 átomos de hidrogênio e 1 de oxigênio, os pesquisadores concluíram que moléculas de água estavam se partindo no interior da atmosfera.
Ao contrário da Terra, Vênus (e também Marte) não produz campo magnético. Isso é muito significativo uma vez que é esse escudo que protege a atmosfera do vento solar. Em Vênus, no entanto, o vento solar golpeia a atmosfera superior, arrancando partículas que se perdem no espaço. Os cientistas acreditam que parte da água de Vênus tenha se perdido através desse processo, que ocorre ininterruptamente há 4.5 milhões de anos, desde que o planeta surgiu.
Até agora isso não aconteceu. "Todos os dias fico olhando os dados do magnetômetro, mas até agora não localizei a assinatura típica do oxigênio escapando do lado iluminado", disse a cientista.
Como vemos, a estrela D´Alva ainda reserva alguns mistérios a serem desvendados.