Normalmente, sem que haja qualquer coisa estranha acontecendo, o tom alaranjado da Lua ao nascer é consequência direta da absorção atmosférica dos comprimentos de onda entre verde e azul.
Quando nasce imediatamente após o por do Sol, os astros estão tão próximos ao horizonte que a luz refletida pela Lua precisa atravessar uma espessa camada de ar antes de chegar aos nossos olhos. Como essa camada da atmosfera absorve quase que totalmente os comprimentos de onda verde e azul, a luz refletida se torna avermelhada. Entretanto, à medida em que a Lua se eleva, a camada da atmosfera tende a ser mais tênue e deixa de exercer influência na absorção das cores, o que faz a Lua clara novamente.
No entanto, quando a camada de atmosfera contem materiais particulados não muito comuns, a absorção de parte do espectro luminoso pode ocorrer até mesmo com a Lua bem mais alta. Isso acontece, por exemplo, quando vulcões entram em erupção e espalham cinzas e material sulfúrico no ar, ou então devido à presença de fumaça de monóxido de carbono emitido por queimadas.
Em 1883, por exemplo, quando o vulcão Krakatoa, na Indonésia, entrou em erupção, os gases na atmosfera fizeram com que a lua aparentasse coloração azulada. O Monte Pinatubo, quando explodiu em 1991, tornou a Lua avermelhada por meses seguidos.
Em São Paulo, o efeito visual tem sido fortemente amplificado devido aos incêndios florestais que consomem áreas de cerrado e Mata Atlântica. De acordo com o INPE, em setembro foram detectados 3658 focos de incêndios no estado de São Paulo, o que não deixa dúvida da influência das queimadas na coloração da Lua.
Agora que você já sabe o que pode causar a mudança da coloração da Lua, desconfie de algo estranho no ar quando ela está alaranjada sem qualquer motivo natural.