Estudar como se desenvolve a cobertura de gelo nos oceanos polares é uma das questões chaves da pesquisa climática e está entre os principais tópicos a serem pesquisados durante o Ano Polar Internacional entre 2007 e 2008.
Para tentar resolver este quebra-cabeça, cientistas deverão começar um trabalho inédito, que tem como objetivo estabelecer o perfil da camada do gelo do oceano Ártico, desde a costa do Canadá até a Sibéria, passando pelo Pólo Norte. Para realizar o estudo, os pesquisadores deverão cruzar o Pólo em um dirigível do tipo zeppelin, equipado com sensores especiais desenvolvidos pelo Instituto Alfred Wegener para Estudos Polares, da Alemanha. O projeto é do físico francês Jean-Louis Etienne e é patrocinado pela maior companhia de petróleo da França.
"Quase não há informações sobre a distribuição regional da cobertura de gelo, tanto no Ártico como na Antártida", explica o Dr. Christian Haas, geofísico do instituto alemão. "A falta de conhecimento é a maior conseqüência dos problemas metodológicos associados às medições da flutuação do gelo menos espesso, além das dificuldades logísticas de se aventurar no Ártico central", completou.
O estudo atual das medidas da espessura do oceano Ártico tem sido feito quase que exclusivamente pelo Instituto Wegener, que o tem conduzido de forma esporádica, mas a injeção de capital por parte de empresas privadas deverá impulsionar as pesquisas.
Batizado de French PoleAirship, o projeto do físico e explorador Jean-Louis Etienne é uma oportunidade única de fazer as medições cruzando o Ártico em um dirigível. Durante a travessia, um dos instrumentos a bordo, chamado de EM-Bird, deverá coletar de forma contínua, dados da espessura do gelo através de extensas regiões do Ártico.
Nos próximos dias (abril de 2007), pesquisadores do projeto PoleAirship deverão chegar ao Pólo Norte sem o emprego do dirigível, com a finalidade de coletar dados iniciais que servirão como referência às futuras experiências, bem como testar a precisão das técnicas envolvidas. Para isso, mergulhadores e veículos operados remotamente serão usados para coletar e comparar dados atuais com aqueles medidos através dos novos sensores eletromagnéticos. Os pesquisadores permanecerão em barracas sobre o gelo e serão supridos por pequenos aviões.