À medida que avançam os trabalhos de resgate, ficam mais claros os danos sofridos pela costa do Golfo do México.
"A devastação é maior do que os nossos piores temores", disse a governadora de Louisiana, Kathleen Blanco, durante uma entrevista coletiva.
Estima-se que cinco milhões de pessoas, ou 80% da população das regiões afetadas, estejam sem eletricidade. Algumas comunidades estão completamente isoladas.
Dezenas de helicópteros militares e civis fazem resgates casa por casa em Nova Orleans, socorrendo pessoas que desde segunda-feira subiram nos telhados de suas casas para se refugiar da água, que subiu em questão de minutos, segundo relatos de afetados.
O nível da água continua subindo devido à ruptura do sistema de diques que protegia a cidade, que é atravessada pelo rio Mississippi e rodeada de lagos e pântanos.
O Corpo de Engenheiros do Exército anunciou o envio de uma equipe para consertar os diques danificados que estão deixando passar a água do lago Ponchatrain, localizado no norte da cidade.
O viaduto da principal estrada que passa por cima do lago e liga Nova Orleans ao resto do Estado está totalmente destruído e algumas partes da construção estão completamente submersas.
Saques foram registrados na Avenida Canal, rua comercial no centro da cidade, e a polícia reconhece que está tendo dificuldade para gerenciar a situação e ao mesmo tempo socorrer milhares de pessoas.
Mais de 500 mil pessoas acataram à ordem de evacuação da cidade e cerca de 20 mil se refugiaram em abrigos oficiais, entre eles o Super Dome, principal estádio esportivo da cidade.
Entre os que se abrigaram no estádio, estão duas turistas brasileiras, como informa a correspondente da BBC Brasil em Washington, Denize Bacoccina.
As autoridades temem o surgimento de surtos epidêmicos, o que complicaria ainda mais a situação.
Cidades como Biloxi, no Missisippi, e Mobile, no Alabama, sofreram o impacto direto do Katrina, que as atingiu com ventos de mais de 200 km/h.
Diante da destruição, o temor geral é que a cifra oficial de 70 mortos seja uma subestimativa. Um porta-voz da prefeitura de Biloxi disse que as próprias autoridades temem que haja centenas de mortos em zonas da cidade isoladas pela inundação e a destruição do furacão.
A Guarda Nacional de cada Estado participa das operações de resgate, embora tenha a sua capacidade comprometida pelo envio de soldados ao Iraque medida na época criticada por muitos.
A instituição, cuja função é tratar da segurança interna, assegura, no entanto, que tem pessoal e equipamentos suficientes para a emergência criada pelo Katrina.
Ainda assim, espera-se que o Pentágono (Departamento de Defesa dos Estados Unidos) anuncie uma operação especial para ajudar nos trabalhos de resgate e manutenção da ordem pública.
A gravidade da situação obrigou o presidente George W. Bush a abreviar as suas férias no Texas para voltar nesta quarta-feira para Washington, segundo informações da Casa Branca.