De acordo com as estatísticas levantadas pela agência Associated Press com base nos dados do NWS, o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA, 2007 foi o ano mais quente da história no hemisfério Norte. Nos EUA as estações de coletas de dados bateram 263 recordes de temperatura e na Inglaterra, o mês de abril foi o mais quente dos últimos 384 anos, com valores ultrapassando em 0,56 ºC o recorde estabelecido do ano de 1865.
Mas as alterações climáticas não são apenas de temperatura. Em agosto um tornado atingiu a cidade de Nova York e no oriente Médio um raro ciclone formado em junho castigou Oman e Irã. A África do Sul registrou a maior nevasca dos últimos 25 anos e as ilhas Reunião, a 700 quilômetros da costa leste da África, receberam em apenas três dias 3930 milímetros de chuva, estabelecendo recorde mundial para um período de 72 horas.
Segundo os cientistas, extremos meteorológicos individuais não podem ser atribuídos ao aquecimento global, no entanto, "esses eventos individuais estão ocorrendo em diferentes partes do planeta, o que pode ser uma característica de alterações climáticas induzidas pelo homem", explica o pesquisador Phil Jones, diretor de pesquisas climáticas da Universidade de East Anglia, na Inglaterra.
E para piorar a situação, o Ártico, que atua como um refrigerador global aqueceu mais dramaticamente em 2007, provocando recordes de derretimento do gelo.
Oficialmente, 15 pessoas morreram em agosto na cidade norte-americana de Portland, no Estado do Tenesse, quando as temperaturas atingiram a marca histórica de 40.5 ºC. Na Europa, intensas ondas de calor também fizeram dezenas de vítimas.
A Austrália também sofreu muito em 2007, com a pior seca verificada nos últimos 100 anos. No outro extremo, as chuvas bateram recordes na China e Inglaterra.
Segundo o climatologista Michael MacCracken, cientista-chefe do Instituto de Pesquisas do Clima, em Washington, se as mudanças climáticas provocadas pelo Homem continuarem, o mundo experimentará mais eventos extremos, ondas de calor e chuvas torrenciais, além de secas prolongadas.
"Existe uma tendência no crescimento dos anos com eventos extremos. Em breve, os fenômenos que hoje são raros se tornarão normais", completou o cientista.
Fotos: No topo, cientista Bonnie Light acompanha o estudo sobre o derretimento da camada de gelo do oceano Ártico. Na seqüência, imagem captada pelo satélite Envisat mostra a Passagem Noroeste, ao longo da costa do Canadá, totalmente navegável no mês de setembro de 2007. Cortesia: ESA - Agência Espacial Européia.