O trabalho de simulação foi feito pelo cientista estadunidense John Cramer, ligado à Universidade de Washington, que usou os mesmos dados que foram empregados recentemente na elaboração do mapa do início do Universo, produzidos pelo telescópio espacial Planck, da Agência Espacial Europeia.
A simulação retrata a propagação das ondas de compressão se deslocando através do plasma ou hidrogênio durante o período entre 100 mil e 700 mil anos após o Bigbang. Para se tornar audível, o evento foi acelerado 100 septilhões de vezes e compactado em um clipe de áudio de 200 segundos através de um programa de conversão.
Esse tipo de processo - aceleração de eventos com ondas de frequências extremamente baixas - também é empregado em sismologia e permite aos especialistas "ouvir" o som dos terremotos.
O resultado audível da simulação de Cramer é muito parecido com aqueles produzidos por megaterremotos terrestres, que fazem o planeta todo ressoar por alguns dias. No caso do Bigbang o tremor durou cerca de 700 mil anos.
A missão do telescópio é analisar a Radiação Cósmica de Fundo, identificando tênues variações na temperatura nos momentos iniciais do Universo. De acordo com os pesquisadores, essas tênues variações seriam o DNA do Universo e que deu origem às galáxias, estrelas, planetas e toda a forma de vida.
A análise dos dados mostra um grande pico de radiação em 379 mil anos após o Bigbang, com queda de 60% na intensidade aos 269 mil anos e 489 mil anos.
Como os dados gerados pelo Planck representam as variações de temperatura, a primeira conclusão é que o áudio da simulação representa o resfriamento do Universo (ou variação de frequência da Radiação Cósmica de Fundo), mas segundo Crammer o som original não era de variações de temperatura, mas de ondas sonoras reais que se propagaram pelo Universo.