Os cientistas brasileiros estão instalados na Estação Antártica Comandante Ferraz e desde 2007 desenvolvem estudos ligados ao buraco na camada de ozônio, que fazem parte dos trabalhos do IV Ano Polar Internacional.
De acordo com Neusa Paes Leme, pesquisadora do INPE e coordenadora do projeto Atmosfera Antártica, o Ano Polar está permitindo aos cientistas participarem de uma grande campanha observacional para desenvolver pesquisas nos ambientes Ártico e Antártico. Podemos aprofundar o conhecimento quanto à conexão dos pólos com outras latitudes, as mudanças climáticas e sua interação com o meio ambiente da Terra, explicou a pesquisadora.
Segundo Leme, a concentração do gás CFC registrada pelo INPE em 2007 ainda é muito alta e os modelos matemáticos mostram que a camada só estará normal em 2060, se comparada com a concentração verificada em 1980.
O monitoramento da camada de ozônio na base Comandante Ferraz, é feito no período de agosto a março, desde 2001 e em momentos especiais entre setembro e outubro. No período da ocorrência do buraco de ozônio, a concentração de ozônio sobre a base é reduzida em torno de 65%. Nestas condições a radiação ultravioleta pode aumentar em até 500%, atingindo valores similares aos das regiões tropicais.
O buraco na camada de ozônio foi reconhecido pela primeira vez em 1985 e durante a última década, em escala global a camada perdeu 0.3% de sua espessura a cada ano, aumentando significativamente os riscos de câncer de pele, cataratas e causando danos à vida marinha.
A diminuição da camada é causada pela presença de elementos que destroem o ozônio, como a clorina e o brometo de metilo, e principalmente pelos gases originados de produtos criados pelo homem, como os clorofluorcarbonos ou CFCs. Conhecido como gás freon, o CFC é usado em grande escala na produção de aerossóis, refrigeradores e produtos de limpeza. Apesar de ainda estar presente na atmosfera, sua concentração vem diminuindo graças ao Protocolo de Montreal, assinado em setembro de 1987. Nele, os países signatários se comprometem a substituir as substâncias que reconhecidamente causam danos à camada.
Também foi testado um robô para levantamento fotográfico e obtenção de imagens de vídeo das formas de vida marinha encontradas no fundo da Baía do Almirantado. Operado de forma remota, o robô, especialmente adaptado para executar missões de exploração nas águas geladas realizou cinco mergulhos, atingindo 26 metros de profundidade.