O estudo foi feito a partir de dados coletados pela constelação de satélites SWARM, CHAMP e ORSTED e mostrou que a variação do campo geomagnético não é uniforme em todo o planeta.
De acordo com os resultados, nas latitudes mais altas da América do Norte foi observado um enfraquecimento de 3.5%, enquanto em partes da Ásia os dados mostraram um fortalecimento de cerca de 2% na intensidade magnética.
Na América do Sul e mais especificamente sobre o Brasil, os pesquisadores notaram um enfraquecimento de quase 3% desde 1999 em algumas localidades. Além disso, os dados mostram um deslocamento em sentido oeste da Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) que age mais fortemente sobre o Brasil.
Esse movimento não é abrupto e pode levar em média 300 mil anos para ser completado. Estima-se que a última inversão ocorreu há 780 mil anos.
A AMAS foi descoberta em 1958 e sofre alterações ao longo do tempo, principalmente devido ao deslocamento dos polos magnéticos aliada ao enfraquecimento do campo de modo global, que já perdeu 10% de sua intensidade de o século 19.
Vale notar que a AMAS já esteve sobre a África e de acordo com o estudo, continua a se deslocar em sentido oeste.
Por ser uma zona magneticamente mais fraca (uma anomalia), as partículas carregadas provenientes do cinturão de Van Allen se aproximam mais da alta atmosfera, fazendo com que os níveis de radiação cósmica em grandes altitudes sejam mais altos nesta área.
Embora os efeitos na superfície sejam praticamente desprezíveis, a AMAS afeta fortemente satélites e outras espaçonaves que orbitam algumas centenas de quilômetros de altitude.
Satélites que cruzam periodicamente a AMAS ficam expostos durante vários minutos a fortes doses de radiações e necessitam de proteção especial. A Estação Espacial Internacional, por exemplo, é dotada de um escudo especialmente desenvolvido para bloquear as radiações.