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Dados secretos revelam que objeto interestelar explodiu sobre a Terra

Segunda-feira, 11 abr 2022 - 10h11
Por Rogério Leite
Documento liberado pelo Comando Espacial dos EUA, USCC, revela que a bola de fogo que atravessou os céus de Papua Nova Guiné em 2014 era na verdade um objeto em movimento ultrarrápido, vindo de outro sistema estelar. Cientistas já alertavam sobre essa possibilidade, mas só com a liberação de dados secretos a origem foi confirmada.

A velocidade muito elevada e o tipo de órbita indicam a provável origem interestelar do meteoro que explodiu sobre o Pacífico em 2014.

O objeto, um pequeno meteorito de apenas 45 centímetros de diâmetro, atingiu a atmosfera da Terra no dia 8 de janeiro de 2014, com uma velocidade estimada em mais de 210 mil km/h, que excede em muito a média da velocidade dos meteoros que orbitam dentro do sistema solar.

Um estudo feito em 2019 argumentou que a velocidade da pequena rocha, juntamente com a trajetória de sua órbita, indicava com 99% de certeza que a origem do objeto estava muito além do nosso Sistema Solar, muito possivelmente vindo do interior profundo de um sistema planetário ou de uma estrela dentro do espesso disco da Via Láctea.

O paper (trabalho científico) nunca foi revisado por pares ou publicado em qualquer revista científica, já que alguns dos dados necessários para verificar os cálculos foram considerados classificados (secretos) pelo governo dos EUA e impossíveis de serem acessados.

Agora, pesquisadores do USSC confirmaram oficialmente as descobertas da equipe e em memorando datado de 1º de março de 2022, o tenente-general John E. Shaw, vice-comandante do USSC, escreveu que a análise feita em de 2019 era de fato “suficientemente precisa para confirmar a trajetória interestelar do objeto. Essa confirmação tardia faz do meteoro de 2014 o primeiro objeto interestelar já detectado em nosso sistema solar.

Essa detecção do objeto antecede a descoberta de "Oumuamua", um estranho objeto em forma de charuto que também se move muito rápido, diferentemente de outros objetos originados em nosso sistema solar. Entretanto, de acordo com o USSC, ao contrário do meteoro de 2014, "Oumuamua" foi detectado muito longe da Terra e já está acelerando para fora do Sistema Solar

Segundo o astrofísico Amir Siraj, ligado à Universidade de Harvard e principal autor do artigo de 2019, o artigo original deverá ser publicado em breve para que a comunidade científica possa continuar de onde ele e seus colegas pararam. No entender de Siraj, como o meteorito penetrou sobre o Oceano Pacífico Sul, é possível que fragmentos do objeto tenham caído na água e possam estar aglutinados no fundo do mar.

Para Siraj, a localização desses restos interestelares é uma tarefa bastante difícil e não descarta consultar especialistas sobre a possibilidade de montar uma expedição submarina para recuperá-los.

“A possibilidade de obter o primeiro pedaço de material interestelar é simplesmente fascinante. É nosso dever verificar isso minuciosamente e conversar com todos os especialistas mundiais em expedições oceânicas para tentar recuperar pelo menos algum fragmento que possa ser analisado, disse Siraj.

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