Na última semana, a ESA, Agência Espacial Européia, divulgou uma maravilhosa seqüência de imagens, e quando animadas, mostram não somente o deslocamento de uma grande geleira, mas algo mais interessante ainda. As cenas, ricas em detalhes, mostram o rompimento da montanha e o "nascimento" de outro iceberg.
As imagens foram captadas entre setembro de 2006 e outubro de 2007, através do instrumento ASAR (Radar de Abertura Sintética) do satélite Envisat, e mostram o fenômeno ocorrendo no interior das geleiras da ilha de Pine, na Antártida Ocidental.
As fotos mostram o processo a partir de setembro de 2006, com o gigantesco iceberg visto como um pequeno bloco branco, no centro-direito da foto. Até abril de 2007 o iceberg podia ser visto no mesmo local, praticamente estacionado sobre as águas do mar de Amundsen. Em maio de 2007, no entanto, a gigantesca montanha de água doce já havia se deslocado bastante desde a posição anterior. Em outubro de 2007 a imagem já mostra o iceberg partido, dando origem a uma pequena montanha de gelo.
Mas não se iluda. Essa pequena montanha mede 34 km por 20 km, ou seja, o novo iceberg é maior que a cidade de São Paulo.
A cena captada em maio de 2007 também mostra o início de uma rachadura na ilha de Pine e em outubro a rachadura já pode ser observada de forma bem acentuada.
O "nascimento" de icebergs iguais a esse na Antártida ocorrem todos os anos e é parte do ciclo natural da camada de gelo. Um estudo feito com base nos últimos 30 anos mostra que grande icebergs se rompem em períodos entre cinco e dez anos. O último evento foi verificado em 2001.
A ilha de Pine é a maior geleira da Antártida Ocidental e é de grande interesse científico porque transporta o gelo do interior do continente até o oceano, fluxo esse que tem se acelerado fortemente nos últimos 15 anos.