Na esperança de coletar novos dados da composição física do planeta Marte, cientistas da agência espacial americana estão a um passo de enviar o pequeno Opportunity em uma nova missão, que poderá ser a última de sua vida.
Se for dado sinal verde aos pesquisadores norte-americanos, sinais de rádio enviados à sonda a fará descer nas profundezas da grande cratera Vitória para coletar valiosos dados científicos, mas diversos fatores poderão fazer o pequeno robô nunca mais sair de lá, ficando irremediavelmente perdido.
A idéia por trás da missão suicida parece fazer sentido. Devido à idade, o Opportunity pode parar de funcionar a qualquer momento, de modo que é melhor coletar a maior quantidade possível de dados enquanto o robô ainda estiver operando.
Entrar na cratera Vitória envolve diversos fatores ainda desconhecidos, entre eles a análise dos pontos de entrada. Os cientistas também não têm certeza do tipo de terreno que vão encontrar, nem dos pontos de apoio para o robô dentro da cratera.
"Temos sérias dúvidas se o Opportunity conseguirá subir novamente a cratera, mas o valor potencial das pesquisas que serão realizadas lá dentro praticamente me convence a autorizar a missão". A frase é de Alan Stern, cientista-chefe do projeto e diretor da Nasa para missões científicas. "Esse é um risco calculado que estamos assumindo, já que a missão Opportunity excedeu todas as expectativas".
Criada há milhões de anos, Vitória é uma cratera de impacto de cerca de 720 metros de diâmetro com quase 70 metros de profundidade. Para chegar até a cratera, o Opportunity viajou 21 meses desde o ponto de aterrisagem, 6 quilômetros dali, e neste momento está muito próximo à borda, em um local batizado de Duck Bay.Vitória é quatro vezes maior que a cratera Endurance, que a sonda explorou por seis meses em 2004.
Após chegar à borda da cratera Vitória, em 26 de setembro de 2006, o jipe-robô caminhou 700 metros ao seu redor, examinou a composição do solo e das pedras e mapeou sua extensão. De volta à Duck Bay, aguarda o comando para descer a encosta, que poderá ocorrer entre 7 e 9 de julho.
Para entrar na cratera, o Opportunity deverá cruzar uma camada de material depositado pelo vento, uma espécie de duna. Uma vez posicionado, os cientistas pretendem comandar o robô para frente, apenas o suficiente para que todas as seis rodas do veículo fiquem sobre uma espécie de rampa. Em seguida descerá a cratera de ré.
Além da sonda Opportunity, Marte também está sendo estudado pelo seu irmão gêmeo, o robô Spirit, em atividade no outro lado do planeta. Ambas as sondas desceram em Marte em 2004 e encontraram diversas evidências geológicas de rochas que foram alteradas pela presença de água em épocas passadas.