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Entra em operação primeiro radiotelescópio no lado afastado da Lua

Segunda-feira, 2 dez 2019 - 11h24
Por Rogério Leite
Pela primeira vez na história, os cientistas estão recebendo dados astronômicos coletados a partir do lado oculto da Lua, um local próximo, mas protegido contras as interferências eletromagnéticas produzidas na Terra. O objetivo será estudar as emissões produzidas há bilhões de anos, no início da história da Universo.

Modelo de expansão do big Bang. A Era das Trevas pode ser vista logo após o momento zero da expansão.

O novo radio-observatório está situado no espaço, a bordo do satélite retransmissor Queqiao. O artefato foi utilizado pela agência espacial chinesa para enviar à Terra os dados da missão Chang’e-4, que pousou no lado afastado da Lua em 3 de janeiro de 2019.

Com o fim da missão Chang’e-4, o satélite passou a retransmitir os dados do experimento sino-holandês NCLE (Netherlands-China Low Frequency Explorer), um arranjo de três antenas monopolo de cinco metros de comprimento instaladas no corpo do satélite, capaz de receber sinais no comprimento de onda de 21 centímetros, que corresponde às emissões originadas no período conhecido como "Era das Trevas, no início da história cósmica do Universo.

Era das trevas Pós Big Bang


A Era das Trevas durou entre 377 mil e 1 milhão de anos após o momento zero do Big Bang e de acordo com o conhecimento atual, antecedeu a formação das primeiras estrelas do Universo. Naquela ocasião, não havia fontes de luz e os únicos fótons (radiação eletromagnética) existentes no universo primitivo era aqueles liberados nos primórdios do Big Bang, hoje chamados de fundo cósmico de micro-ondas, além de emissões de rádio no comprimento de 21 cm, emitidas pelos átomos de hidrogênio.

Localização da orbita do satélite Queqiao, um local privilegiado situado atrás do corpo lunar, que age como bloqueio contra as emissões provenientes do Sol e da Terra.

A Lua é um Escudo


Uma das principais vantagens em operar um radiotelescópio na orbita da face oculta da Lua é a de justamente usar o corpo da Lua como escudo protetor das ondas eletromagnéticas geradas na Terra. A Lua age como um bloqueador eletromagnético que impede que as emissões mascarem os tênues sinais, o que permite um aumento substancial da sensibilidade de recepção. Além disso, a Lua também bloqueia as emissões no comprimento de onda de 21 cm provenientes do Sol, que poderiam ofuscar a radiação de fundo que o satélite irá estudar.
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