Segundo especialistas, as temperaturas continuam em ascensão devido às atividades humanas, especificamente às emissões de gases de efeito estufa, principalmente dióxido de carbono e metano.
O estudo demonstrou que o ano de 2020 deu continuidade à tendência de aquecimento de longo prazo do planeta, prevista há mais de 30 anos e confirmada ano após ano. No entender de Gavin Schmidt, climatologista e modelador climático ligado ao Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA, a temperatura média global do ano foi 1,02 graus Celsius mais quente do que a média da linha base 1951-1980, superando o ano de 2016 por uma fraçao muito pequena.
Os últimos sete anos foram também os sete mais quentes já registrados, tipificando a tendência de aquecimento contínua e dramática. Para o pesquisador, se um ano é um recorde ou não, não é tão importante. Segundo ele, o que importa são as tendências de longo prazo. Com essas tendências, e à medida que o impacto humano no clima aumenta, devemos esperar que os recordes continuem sendo quebrados.
Embora a tendência de aquecimento a longo prazo continue, uma variedade de eventos e fatores contribuem para a temperatura média de qualquer ano em particular. Entretanto, vale destacar que dois eventos separados mudaram a quantidade de luz solar que atingiu a superfície da Terra. O primeiro foi os incêndios florestais australianos durante a primeira metade do ano, que queimaram 46 milhões de acres de biomassa e liberou fumaça e outras partículas a mais de 18 quilômetros de altura na atmosfera. Esses evento bloqueou a luz solar e resfriou ligeiramente a atmosfera. Além disso, a pandemia de coronavírus, ainda em andamento, reduziu a poluição do ar por partículas em muitas áreas, permitindo que mais luz solar atingisse a superfície, produzindo um pequeno, mas significativo efeito de aquecimento.
No entender dos cientistas, as paralisações ligadas à pandemia também parecem ter reduzido a quantidade de emissões de dióxido de carbono (CO2) no ano passado, mas as concentrações gerais de CO2 continuaram a aumentar e, como o aquecimento está relacionado a emissões cumulativas, a quantidade total de aquecimento evitado será mínima.
A maior fonte de variabilidade ano a ano nas temperaturas globais normalmente estão relacionadas ao El Niño-Oscilação Sul (ENSO), um ciclo natural de troca de calor entre o oceano e a atmosfera. Embora o ano tenha terminado em uma fase negativa (fria) do ENSO, ele começou em uma fase ligeiramente positiva (quente), que aumentou marginalmente a temperatura média geral. Espera-se que a influência de resfriamento da fase negativa tenha uma influência maior em 2021 do que em 2020.