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Estudo diz que nova Era Glacial pode começar em 10 mil anos

Quinta-feira, 13 nov 2008 - 09h56
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De acordo com os cientistas que estudam as mudanças climáticas, os gases do efeito estufa são os principais responsáveis pelo fenômeno do aquecimento global, especialmente o gás carbônico e o metano. No entanto, em recente artigo publicado na Revista Nature os pesquisadores explicam que esses mesmos gases poderão ajudar a evitar que a Terra passe novamente por uma nova Era Glacial, prevista nos modelos.

Segundo o autor do estudo, cientista Thomas Crowley, da Universidade de Edimburgo, um novo período de resfriamento deve se iniciar dentro de 10 mil a 100 mil anos e poderá levar grande parte da América do Norte, Europa e Rússia a se tornarem uma gigantesca pedra de gelo.

A previsão de Crowley está sustentada no estudo das alterações da órbita da Terra e de minúsculos fósseis marinhos e não deve ser usada como desculpa para não combater a desenfreada queima de combustíveis fósseis, principal responsável pela geração dos gases do efeito estufa.

Em entrevista concedida à agência de notícias Reuters, Crowley disse que "geologicamente, 10 mil ou 100 mil anos é amanhã, mas ainda temos bastante tempo para discutir sobre os níveis adequados da emissão de gases do efeito estufa".

Segundo Crowley, um eventual congelamento de grandes áreas do Hemisfério Norte e de todo o mar em torno da Antártida reduziria o nível dos oceanos em até 300 metros, o que deixaria o Alasca e a Rússia ligados por terra.

Naturalmente, a desenfreada emissão de gases do efeito estufa pode atrasar ou impedir que a Terra entre em uma nova Era Glacial, mas segundo o cientista, "Atualmente, não há justificativa para dizer: 'Vamos continuar injetando dióxido de carbono na atmosfera'. No momento, as preocupações devem ser sobre os níveis adequados da emissão dos gases".


Controle Atmosférico


Uma das maneiras de se inferir o nível que os oceanos através dos tempos é analisando a composição química dos fósseis, que varia de acordo com a química do ambiente. Em um mar mais raso e com menos água, por exemplo, o sal é mais concentrado. Realizando análises do nível de sal nos fósseis, Crowley e sua equipe concluíram que durante a última Era Glacial o nível dos oceanos baixou além de 130 metros.
"Com ajustes muito modestos e correções no nível de CO2 atmosférico, é provável que as futuras sociedades possam evitar indefinidamente esta transição", disse Crowley.

Eras Glaciares


Durante os últimos milhões de anos a Terra passou por várias eras glaciares, normalmente com intervalos de 40 mil a 100 mil anos. Entre elas se destacam a Glaciação de Günz há cerca de 700 mil anos, a Glaciação Mindel há 500 mil anos, a Glaciação Riss há aproximadamente 300 mil anos e Glaciação Würm ou Wisconsin, há 150 mil anos.

Nova Era


Segundo o estudo publicado, as recentes variações ocorridas nos últimos 900 mil anos entre Eras glaciares e períodos de aquecimento como o atual, estão se tornando mais acentuadas. Por outro lado os modelos gerados em supercomputadores indicam que essa instabilidade pode ser o prenúncio de um novo ciclo, muito mais frio e estável que os anteriores.

De acordo com Crowley, os seres humanos se desenvolveram há apenas 150 mil anos e nunca experimentaram um ambiente tão frio quanto o prenunciado nos modelos.

Uma alteração climática semelhante ocorreu há 34 milhões de anos, quando pela primeira vez o gelo encobriu a Antártida. De acordo com o cientista isso pode começar novamente com um ligeiro aumento nas camadas polares, uma vez que o gelo e a neve refletem mais a luz solar de volta ao espaço, aumentado ainda mais o resfriamento.


Foto: Paisagem glaciar, típica das regiões polares. Crédito: Wikimedia Commons.

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