Duas órbitas após o primeiro acionamento, com o cargueiro a apenas 14 km atrás da ISS, a velocidade da nave foi reduzida a 7000 metros por segundo, cerca de 25.200 km/h. Isso fez com que Julio Verne perdesse altitude rapidamente. Alguns minutos depois, às 09h58 pelo horário de Brasília, os foguetes foram novamente acionados por quase 15 minutos, colocando o cargueiro de 13.5 toneladas, no ângulo de re-entrada. Às 10h31 a nave atingiu 120 km de altitude, considerada o ponto nominal da re-entrada.
Durante a segunda ignição dos foguetes de manobra, um problema ainda não identificado fez com que a queima durasse 40 segundos a menos do que o previsto, o que disparou uma série de alertas no Centro de Controle da Missão, informando movimentos não previstos de posicionamento.
De acordo com a Agência Espacial Européia, ESA, a primeira manobra de desaceleração ocorrerá entre 07h00 e 07h06 (Hora de Brasília), seguida de uma segunda manobra às 09h58. Às 10h13 Julio Verne penetrará na alta atmosfera terrestre a 120 km de altitude. O atrito com as partículas presentes na atmosfera fará a temperatura subir a mais de 1500 graus Celsius, transformando o cargueiro em uma grande bola de fogo. Às 10h36 a nave estará consumida e os fragmentos mais resistentes cairão no oceano.
O evento ocorrerá durante a madrugada no Pacífico e será acompanhado por dois aviões carregados com uma série de equipamentos científicos da Nasa e da Esa. A equipe a bordo da ISS também fará observações da re-entrada do cargueiro através de um espectrômetro ultravioleta de fabricação russa, chamado FIALKA.
Julio Verne permaneceu acoplado durante cinco meses à Estação Espacial Internacional e realizou todas as tarefas para o qual foi projetado. No dia 5 de setembro foi desacoplado da Estação e por três semanas orbitou a Terra, perdendo altitude gradativamente.
Uma vez que a espaçonave ou seu corpo principal se rompem, diversos componentes e fragmentos continuam a perder altura e se aquecer, até que se desintegram ou atingem a superfície. Muitos dos componentes são feitos em alumínio, que se derretem facilmente. Como resultado, essas peças se desintegram quando a nave ainda está em grandes altitudes. Por outro lado, se um componente é feito com material muito resistente, que necessita de altas temperaturas para atingir o derretimento, pode resistir por mais tempo e até mesmo sobreviver à re-entrada. Entre esses materiais se encontram o titânio, aço-carbono, aço-inox e berilo, comumente usados na construção de satélites.