Por mais de 24 horas os observadores ficaram sem saber o que seria aquela chuva de meteoros, até que alguns especialistas em órbitas de satélites acharam a resposta: tratava de um foguete do tipo Briz-M, último estágio de um foguete Proton que deveria colocar em órbita o satélite de comunicações Arabsat-4A.
Lançado em 28 de fevereiro de 2006, o satélite atingiu a órbita de transferência alguns minutos depois do lançamento, mas não alcançou corretamente sua posição devido a uma falha no propulsor Briz-M, que ficou girando ao redor da Terra parcialmente cheio de combustível. Foi esse pequeno tanque de propelente que se rompeu sobre a Austrália, causando a chuva de meteoros.
O espetáculo foi visto e fotografado por milhares de pessoas, entre eles Rob McNaught, descobridor do cometa McNaught, que no início de fevereiro pode ser visto a olho nú em quase todo o planeta. "Estava observando o céu quando de repente um bólido cruzou o campo de visão do observatório. Imediatamente comecei a fotografar", disse McNaught. A seqüência de fotos pode ser vista acima.
Mark Matney, do centro de estudos de lixo orbital, da NASA, confirma que este é o maior evento de ruptura espacial já ocorrido, superando o teste anti-satélites feito pela China no final do ano passado, quando um foguete atingiu um satélite-alvo em pleno espaço produzindo mais de 800 fragmentos já catalogados.
Segundo Matney, o rompimento do Bliz-M sobre a Austrália não representa perigo imediato para a Estação Espacial Internacional, mas ainda serão necessários alguns dias para estabelecer com mais exatidão a órbita desses novos objetos.