A equipe, incluindo o professor Joshua Colwell, descobriu que a fonte dos gêiseres da lua Enceladus é o fluxo de água no interior das rachaduras que conduzem água aquecida em velocidades supersônicas. Segundo Colwell, as recentes observações sugerem que a alta velocidade dos jatos só pode ser conseguida na presença da água no estado líquido. De acordo com Candice Hansen, do JPL e principal autora do trabalho, as velocidades atingidas, de mais de 2 mil km/h, "são quase impossíveis de serem obtidas sem a presença de líquido".
No caso de Enceladus, os cientistas acreditam que os cristais de gelo se condensam a partir do vapor que escapa das fontes de água e vazam através das frestas da crosta gelada da lua. Imagens da sonda Cassini captadas entre 2005 e 2006 já haviam revelado a possibilidade de que os jatos jorrados da superfície de Enceladus continham vapor de água.
"Só existem três lugares no Sistema Solar que sabemos ou suspeitamos que exista água líquida próximo à superfície", disse Colwell. "A Terra, a lua Europa, de Júpiter e agora Enceladus, em Saturno. A água é o ingrediente básico para a vida como a conhecemos. Se confirmarmos que a força de maré seja a responsável pelo aquecimento da água que provoca os gêiseres, pode ser que esse fenômeno seja bem comum no sistema planetário, o que torna a descoberta ainda mais interessante.
"Na minha cabeça, a evidência está se acumulando em favor da água em estado líquido", disse Carolyn Porco, cientista do JPL e chefe da equipe responsável pelos dados da câmera da Cassini.
As forças de maré podem provocar efeitos de alta intensidade, como os verificados na lua Io, em Júpiter. Io possui seu movimento de rotação sincronizado ao planeta, mas os efeitos de maré gerados pela interação gravitacional entre Io, Júpiter e as luas Europa e Ganimedes criam um intenso vulcanismo, atribuído à energia produzida pelas forças de maré desse sistema de quatro corpos.