Batizada de Grande Mancha Vermelha, ou GMV, a tormenta é a mais importante feição do planeta. É uma espécie de redemoinho de gás que gira descontroladamente há pelo menos 150 anos e produzem ventos que ultrapassam 600 km/h.
Desde que o Homem começou a olhar para Júpiter através de telescópios, por volta de 1600, já havia a notícia da existência de uma grande mancha espiral em sua superfície, embora não esteja claro se era a mesma tormenta.
Atualmente, os cientistas sabem que a GMV está lá, firme e forte, mas os mecanismos que geram essa tempestade e suas cores avermelhadas ainda não são perfeitamente conhecidos.
O planeta é mil vezes maior do que a Terra e é composto principalmente de gás. Em seu interior, um oceano de hidrogênio líquido envolve o núcleo enquanto sua a atmosfera é composta principalmente de hidrogênio e hélio.
Isso significa que - diferentemente da Terra - em Júpiter não há qualquer porção de terra firme que possa enfraquecer as tempestades. Além disso, as nuvens de Júpiter obstruem a observação clara de sua atmosfera inferior.
Entretanto, enquanto alguns estudos tentam conhecer essa atmosfera mais baixa, a observação da GMV só pode ser feita por telescópios ou sondas que enxergam a feição a partir de cima da atmosfera.
Alguns trabalhos sugerem que as nuvens da alta atmosfera jupteriana consistem de amônia, hydrosulfido de amônia e de água, mas os cientistas não sabem exatamente como (ou se) estes produtos químicos reagem para formar as cores como as da Grande Mancha Vermelha, principalmente porque estes compostos representam apenas uma pequena parte da atmosfera.
"Isso é o que torna tão difícil descobrir exatamente o que cria as cores que vemos", disse a pesquisadora Amy Simon, especialista em atmosferas planetárias junto Goddard Space Flight Center, da NASA.
Junto a Amy, os cientistas Mark Loeffler e Reggie Hudson vêm realizando estudos de laboratório para investigar se os raios cósmicos, um tipo de radiação de alta energia que atinge nuvens de Júpiter, podem alterar quimicamente o hydrosulfido de amônia para produzir novos compostos que poderiam explicar a cor das nuvens.
O experimento consiste em aquecer sulfeto de hidrogênio e amônia juntos e em seguida bombardea-los com partículas carregadas semelhantes aos raios cósmicos que impactam nuvens de Júpiter, com o objetivo de identificar as novas substâncias formadas quando o hydrosulfido de amônia é irradiado.
"Recentemente nós finalizamos a identificação desses novos produtos e agora estamos tentando correlacionar o que já descobrimos com as cores observadas em Júpiter", disse Loeffler.