Em 17 de março de 1958, partia de Cabo Canaveral, na Flórida, o quarto satélite artificial feito pelo homem, o Vanguard 1. Poderia ser apenas mais uma informação sobre a grande corrida espacial do século 20 se não fosse por um pequeno detalhe: O Vanguard 1 é o mais antigo satélite que ainda orbita a Terra. Seus predecessores, Sputnik 1 e 2 e Explorer 1 reentraram na atmosfera pouco tempo depois de lançados.
Três instituições, todas militares, participaram do projeto.
Ao exército coube as operações das estações de rastreio enquanto a força-aérea providenciou o local de lançamento. Todo o equipamento científico ligado à coleta de dados ficou a cargo do NRL, Laboratório de Pesquisa Naval norte-americano, responsável perante os organizadores do IGY em colocar os experimentos ao redor da Terra.
Desde que foi lançado, o Vanguard 1 já executou quase 229 mil revoluções ao redor da Terra, percorrendo uma distância superior a 9.5 bilhões de quilômetros, bem maior que a distância da Terra a Plutão. Quando foi lançado, forneceu importantes informações sobre o tamanho e deformação do nosso planeta e estabeleceu uma série de recordes espaciais.
Vanguard 1 também foi pioneiro em muitas das tecnologias aplicadas aos satélites norte-americanos e provou que as células solares poderiam ser empregadas por diversos anos na alimentação de transmissores e circuitos eletrônicos.
Para ter uma ideia, os pequenos painéis solares instalados ao redor do satélite operaram os circuitos por mais de 7 anos. Se fossem alimentados por baterias convencionais não funcionariam por mais de 20 dias.
Apesar do sinal de localização cessar em 1964, até hoje Vanguard 1 continua servindo à comunidade científica. Diversas estações de rastreio, oficiais e amadoras, diariamente calculam sua posição e fornecem importantes dados sobre os efeitos do Sol, Lua e alta atmosfera nas órbitas dos satélites.
Apogeu é o ponto de maior afastamento de um satélite com relação à Terra e perigeu é o ponto de maior aproximação. Período é o tempo que o satélite leva para completar uma órbita.
Na época do lançamento do Vanguard, os cientistas do NRL construíram em diversas partes do planeta uma série de estações de rastreio a qual deram o nome de Minitrack. Essas estações captavam os sinais do Vanguard e calculavam os parâmetros orbitais que eram usados na previsão de posição e determinação das órbitas futuras. Alguns anos mais tarde o Minitrack deu origem ao atual Sistema de Vigilância Espacial, dos EUA, que tem a capacidade de detectar e calcular parâmetros de qualquer satélite desativado que passa sobre o país.
Sofrendo muito pouco a influência da atmosfera, o Vanguard perde pouca altitude ao longo dos anos. Isso permite que se mantenha em órbita por muito tempo, fazendo com que as futuras gerações lembrem sempre dos primeiros anos da era espacial.