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IBGE detecta elevação do nível do mar no Brasil

Quarta-feira, 27 jun 2007 - 11h30
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Um estudo preliminar, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, confirma que a elevação do nível do mar, já comprovada em diversas partes do mundo, também começa a ser verificado aqui no Brasil. O estudo mostra que em dois pontos do litoral brasileiro o nível do mar elevou-se entre 2.5 e 37 milímetros ao ano entre dezembro de 2001 e dezembro de 2006. A menor anomalia foi medida em Imbituba, em Santa Catarina e a maior em Macaé, no Rio de janeiro.

De acordo com o estudo, divulgado nesta terça-feira (26), a elevação anormal em Imbituba é provavelmente causada pelo aquecimento global, já que em outros lugares do planeta também foi verificado aumento semelhante.

Esse resultado também confere com o estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) para a mesma região entre 1997 e 2006, o qual apresentou uma tendência anual de 2,0 mm. Durante esse período, a UFPR efetuou três campanhas – em 1997, 2000 e 2005 – de monitoramento da variação vertical crustal com GPS, obtendo um valor da ordem de -0,8 mm/ano. Se for considerada a influência dessa variação para os registros através de mareógrafo, confirma-se uma tendência de elevação anual de 1,2 mm.

No entanto, a grande elevação verificada em Macaé, da ordem de 37 milímetros, não pode ser justificada unicamente pelo fenômeno do aquecimento global. Segundo o IBGE, é mais provável que esta anomalia esteja associada às características geológicas da estação medidora.

Por ser preliminar, o instituto prefere não tirar conclusões precipitadas e diz ser necessário fazer novas medições na região de Macaé. Até o momento foram levantadas três hipóteses para a medição anormal. A primeira delas relaciona os ventos na região, que poderiam provocar o efeito conhecido como "empilhamento" na água. A segunda hipótese cita o crescimento rápido e caótico da mesma localidade, que provocaria alterações na descarga dos rios que deságuam em Macaé, influenciando o fluxo da água.

No entanto, a hipótese mais aceita pelos cientistas está relacionada às características geológicas da região. Falhas tectônicas próximas à cidade poderiam estar provocando o afundamento da crosta terrestre, interferindo diretamente a medição.


Mareógrafo e GPS


Segundo Luiz Paulo Fortes, diretor de geociências do IBGE, o registro do nível do oceano com um mareógrafo é resultado de duas variáveis. A primeira é o resultado da própria variação do nível do mar e a segunda é o nível do próprio equipamento. Como o mareógrafo está encravado na crosta terrestre, qualquer movimentação tectônica na região do instrumento terá como conseqüência uma alteração na precisão da medição. "No caso de Macaé, a hipótese mais provável é que a crosta esteja afundando naquele ponto. Com isso o registro do nível do mar aumenta", explica Fortes.

Para confirmar a hipótese, o instituto deverá instalar até o final do ano um receptor de sinais de posicionamento global, GPS, que deverá medir com grande precisão a altitude da localização do mareógrafo de Macaé. Com isso, os pesquisadores pretendem conhecer melhor o quanto da elevação do mar em Macaé é efeito provocado por movimentos tectônicos e o quanto está relacionado ao aquecimento global.

O IBGE também possui outras estações medidoras instaladas em Salvador, na Bahia e em Santana, no Amapá, e pretende instalar mais uma em Fortaleza, Ceará. O instituto divulgou apenas os dados de Macaé e de Imbituba por serem as duas estações que possuem séries de registros desde 2001.

Artes: No topo, gráfico mareográfico mostra a elevação do nível do mar na região de Macaé, RJ. Acima, mareógrafo de Macaé.

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