De acordo com o estudo, divulgado nesta terça-feira (26), a elevação anormal em Imbituba é provavelmente causada pelo aquecimento global, já que em outros lugares do planeta também foi verificado aumento semelhante.
Esse resultado também confere com o estudo realizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) para a mesma região entre 1997 e 2006, o qual apresentou uma tendência anual de 2,0 mm. Durante esse período, a UFPR efetuou três campanhas em 1997, 2000 e 2005 de monitoramento da variação vertical crustal com GPS, obtendo um valor da ordem de -0,8 mm/ano. Se for considerada a influência dessa variação para os registros através de mareógrafo, confirma-se uma tendência de elevação anual de 1,2 mm.
No entanto, a grande elevação verificada em Macaé, da ordem de 37 milímetros, não pode ser justificada unicamente pelo fenômeno do aquecimento global. Segundo o IBGE, é mais provável que esta anomalia esteja associada às características geológicas da estação medidora.
Por ser preliminar, o instituto prefere não tirar conclusões precipitadas e diz ser necessário fazer novas medições na região de Macaé. Até o momento foram levantadas três hipóteses para a medição anormal. A primeira delas relaciona os ventos na região, que poderiam provocar o efeito conhecido como "empilhamento" na água. A segunda hipótese cita o crescimento rápido e caótico da mesma localidade, que provocaria alterações na descarga dos rios que deságuam em Macaé, influenciando o fluxo da água.
No entanto, a hipótese mais aceita pelos cientistas está relacionada às características geológicas da região. Falhas tectônicas próximas à cidade poderiam estar provocando o afundamento da crosta terrestre, interferindo diretamente a medição.
Para confirmar a hipótese, o instituto deverá instalar até o final do ano um receptor de sinais de posicionamento global, GPS, que deverá medir com grande precisão a altitude da localização do mareógrafo de Macaé. Com isso, os pesquisadores pretendem conhecer melhor o quanto da elevação do mar em Macaé é efeito provocado por movimentos tectônicos e o quanto está relacionado ao aquecimento global.
O IBGE também possui outras estações medidoras instaladas em Salvador, na Bahia e em Santana, no Amapá, e pretende instalar mais uma em Fortaleza, Ceará. O instituto divulgou apenas os dados de Macaé e de Imbituba por serem as duas estações que possuem séries de registros desde 2001.