Frequentemente, os ventos levantam grande quantidade de poeira, que se afunilam através de fendas existentes nos maciços de Tibesti e Ennedi e também através da Depressão Bodélé, o ponto mais baixo no Chade, formada quando o maior lago da África, o mega-lago Chade, secou há cerca de mil anos. Esses eventos são tão corriqueiros que as tempestades de poeira nublam os céus do antigo leito do lago cerca de 100 dias por ano.
Em 20 de janeiro de 2021, o satélite de sensoriamento remoto NOAA-20 passou sobre a região e através do instrumento VIIRS (Visible Infrared Imaging Radiometer Suite) registrou essa impressionante imagem, onde se vê claramente a poeira do Bodélé fluindo pela fenda nas montanhas à medida que passa por ela os ventos do nordeste.
Essa poeira é composta principalmente por partículas de quartzo e os restos de antigas diatomáceas - organismos microscópicos que viveram no antigo Lago Mega Chade. Esse lago era muito grande e há 7 mil abrangia uma área maior do que todos os Grandes Lagos da América do Norte juntos.
Uma análise mais detalhada dos dados de vários satélites e modelos matemáticos indica que grande parte da poeira da Depressão Bodélé se deposita sobre o próprio continente africano ou é lavada na atmosfera pela chuva antes de chegar à América do Sul. Os pesquisadores descobriram que a maior parte da poeira que chega à Amazônia vem do deserto de El Djouf, situado na África Ocidental, mais precisamente na Mauritânia e no Mali, a 2500 quilômetros a oeste de Bodélé.