As últimas análises feitas pelo site SATVIEW indicam que a Tiangong 1 está a 192 km de altitude, caindo 4 km por dia. Mantendo esta dinâmica a estação espacial deverá atingir o ponto de ruptura entre a noite de sábado, 31/03 e manhã de domingo, dia 01/04, lembrando que a perda de altitude não é linear.
As imagens de radar feitas pelo Fraunhofer FHR mostram que a estação Tiangong 1 não consegue se manter estável dentro de sua orbita e está rodopiando no espaço. Essa informação desmente algumas entrevistas extraoficiais que davam conta de que o governo chinês mantinha controle sobre a nave.
De acordo com Rogério leite, diretor do site SATVIEW especializado em rastreio de lixo espacial, esse comportamento orbital da Tiangong mostra que a nave não tem mais controle sobre si própria. "O rodopio da nave é típico de falta de combustível para manobras de correção ou então perda parcial ou total dos sinais que controlam o eixo-z. Sem essas correções, a Tiangong ou qualquer outra nave não consegue manter-se alinhada em relação à Terra e passa a rodopiar no espaço.", explicou Leite.
A modelagem feita nesta quinta-feira às 06h00 BRT pelo Satview indica que a ruptura ocorrerá às 13:59 UTC (10h59 pelo Horário de Verão) de domingo, com erro de +/- 8 horas, enquanto a previsão feita pelo USstratcom (Comando de Defesa Estratégica dos EUA) mostra que a nave reentrará na atmosfera às 22h52 BRT de sábado, dia 31, com margem de erro de 900 minutos, lembrando que ambas as previsões serão refeitas várias vezes até o momento da queda.
Desde seu lançamento, Tiangong-1 foi visitada por diversas naves. A primeira a se atracar ao complexo foi a nave automática Shenzhou 8, que se acoplou em novembro de 2011. Em junho de 2012 a estação recebeu a visita da nave tripulada Shenzhou 9, quando a taiconauta Liu Yang se tornou a primeira mulher chinesa no espaço.
A altitude nominal do rompimento é de 78 km, mas satélites de grande porte que têm estruturas maiores e mais densas conseguem sobreviver por mais tempo e se rompem em altitudes mais baixas. Painéis solares são destruídos bem antes, quando os satélites ainda estão entre 90 e 95 km.
Uma vez que a espaçonave ou seu corpo principal se rompem, diversos componentes e fragmentos continuam a perder altura e se aquecer, até que se desintegram ou atingem a superfície.
Muitos dos componentes são feitos em alumínio, que derretem facilmente. Como resultado, essas peças e desintegram quando a nave ainda está em grandes altitudes.
Por outro lado, se um componente é feito com material muito resistente, que necessita de altas temperaturas para atingir o derretimento, pode resistir por mais tempo e até mesmo sobreviver à reentrada.
Entre esses materiais se encontram o titânio, aço-carbono, aço inox e berilo, comumente usados na construção de satélites.
O interessante é que ao mesmo tempo em que são resistentes às altas temperaturas, esses materiais também são muito leves (por exemplo, chapas de tungstênio) e como resultado a energia cinética no momento do impacto é tão baixa que raramente provoca danos de grande porte.
O problema dos detritos começa com a composição química residual, que dependendo do componente que sobreviveu à reentrada pode conter material extremamente tóxico, como a hidrazina, utilizado como combustível ou até mesmo material radioativo, usado na geração de energia elétrica.