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Imagens de radar mostram que estação espacial chinesa está descontrolada

Quinta-feira, 29 mar 2018 - 09h23
Por Rogério Leite
As cenas foram registradas pelo Instituto Fraunhofer de Física e Tecnologia de Radares, da Alemanha, e mostram que a estação chinesa Tiangong 1 está largada a própria sorte, caindo em direção à Terra. O impacto está previsto para este final de semana.

Imagem de radar registrada pelo Instituto Fraunhofer de Física e Tecnologia de Radares, da Alemanha mostram que a estação chinesa Tiangong 1 está largada a própria sorte.


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As últimas análises feitas pelo site SATVIEW indicam que a Tiangong 1 está a 192 km de altitude, caindo 4 km por dia. Mantendo esta dinâmica a estação espacial deverá atingir o ponto de ruptura entre a noite de sábado, 31/03 e manhã de domingo, dia 01/04, lembrando que a perda de altitude não é linear.

As imagens de radar feitas pelo Fraunhofer FHR mostram que a estação Tiangong 1 não consegue se manter estável dentro de sua orbita e está rodopiando no espaço. Essa informação desmente algumas entrevistas extraoficiais que davam conta de que o governo chinês mantinha controle sobre a nave.

De acordo com Rogério leite, diretor do site SATVIEW especializado em rastreio de lixo espacial, esse comportamento orbital da Tiangong mostra que a nave não tem mais controle sobre si própria. "O rodopio da nave é típico de falta de combustível para manobras de correção ou então perda parcial ou total dos sinais que controlam o eixo-z. Sem essas correções, a Tiangong ou qualquer outra nave não consegue manter-se alinhada em relação à Terra e passa a rodopiar no espaço.", explicou Leite.


Data Prevista


Ainda não é possível precisar exatamente o horário que a nave irá queimar na alta atmosfera. No entanto, é bastante improvável que a nave ainda esteja em orbita após às 16h00 BRT de domingo.

A modelagem feita nesta quinta-feira às 06h00 BRT pelo Satview indica que a ruptura ocorrerá às 13:59 UTC (10h59 pelo Horário de Verão) de domingo, com erro de +/- 8 horas, enquanto a previsão feita pelo USstratcom (Comando de Defesa Estratégica dos EUA) mostra que a nave reentrará na atmosfera às 22h52 BRT de sábado, dia 31, com margem de erro de 900 minutos, lembrando que ambas as previsões serão refeitas várias vezes até o momento da queda.


Histórico


Tiangong 1, identificação Norad 37820, foi lançada em setembro de 2011 e projetada para queimar na atmosfera em 2013, mas até este momento a nave continua em orbita, embora às cegas.

Desde seu lançamento, Tiangong-1 foi visitada por diversas naves. A primeira a se atracar ao complexo foi a nave automática Shenzhou 8, que se acoplou em novembro de 2011. Em junho de 2012 a estação recebeu a visita da nave tripulada Shenzhou 9, quando a taiconauta Liu Yang se tornou a primeira mulher chinesa no espaço.


Como acontece uma reentrada espacial


Naves que reentram sem controle na atmosfera, normalmente se rompem entre 72 e 84 quilômetros de altitude devido à temperatura e forças aerodinâmicas que agem sobre a estrutura.

A altitude nominal do rompimento é de 78 km, mas satélites de grande porte que têm estruturas maiores e mais densas conseguem sobreviver por mais tempo e se rompem em altitudes mais baixas. Painéis solares são destruídos bem antes, quando os satélites ainda estão entre 90 e 95 km.


Algumas peças de lixo espacial são tão grandes que elas não se queimam na atmosfera da Terra e atingem o solo, como este tanque principal do segundo estágio de um foguete Delta-2, que caiu em janeiro de 1997 na cidade de Georgetown, no Texas, EUA.

Uma vez que a espaçonave ou seu corpo principal se rompem, diversos componentes e fragmentos continuam a perder altura e se aquecer, até que se desintegram ou atingem a superfície.

Muitos dos componentes são feitos em alumínio, que derretem facilmente. Como resultado, essas peças e desintegram quando a nave ainda está em grandes altitudes.

Por outro lado, se um componente é feito com material muito resistente, que necessita de altas temperaturas para atingir o derretimento, pode resistir por mais tempo e até mesmo sobreviver à reentrada.

Entre esses materiais se encontram o titânio, aço-carbono, aço inox e berilo, comumente usados na construção de satélites.

O interessante é que ao mesmo tempo em que são resistentes às altas temperaturas, esses materiais também são muito leves (por exemplo, chapas de tungstênio) e como resultado a energia cinética no momento do impacto é tão baixa que raramente provoca danos de grande porte.

O problema dos detritos começa com a composição química residual, que dependendo do componente que sobreviveu à reentrada pode conter material extremamente tóxico, como a hidrazina, utilizado como combustível ou até mesmo material radioativo, usado na geração de energia elétrica.

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