A peça chave da nova teoria é o achado de uma camada de solo rica em carbono, ainda não devidamente explicada, em pelo menos 50 sítios arqueológicos da Era Clovis, que marca um episódio de intenso resfriamento conhecido como evento de Younger Dryas. Alguns dos sítios pesquisados se localizam em Channel Island, na Califórnia, onde os arqueólogos Douglas J. Kennett e Jon M. Erlandson, da Universidade do Oregon, EUA, realizam suas pesquisas.
A teoria está sendo discutida pela primeira vez na conferência de imprensa da Assembléia da União Geofísica Americana, realizada esta semana em Acapulco, no México. O respeitado periódico britânico Nature dá destaque ao fato em sua última edição.
A nova teoria, no entanto, sugere que o evento e suas conseqüências foi na realidade causado por um fenômeno de grande magnitude, provocado pelo impacto de um grande objeto extraterrestre, provavelmente um cometa ou meteoro, que se fragmentou acima ou no mesmo nível da geleira de Laurentide, na região dos Grandes Lagos, na América do Norte.
De acordo com Kennet, da Universidade da Califórnia, grandes concentrações de material do impacto extraterrestre, que ocorreram naquela região, foram lançadas por toda a parte, longe dali. "Os efeitos sobre os humanos deve ter muito grandes. As conseqüências imediatas devem ter se localizado ao Norte e Leste, e produziram violentas ondas de choques, aquecimento, inundações, incêndios florestais, causando uma redução ou extermínio de populações inteiras", explica Kennet.
O período K-T marca o final do Período Cretáceo e o começo do Período Terciário, quando numerosas espécies foram exterminadas por um gigantesco asteróide, que acredita-se, tenha atingido a península mexicana de Yucatán ou o Golfo do México.
Kennet e seus colegas sabem que o que falta na nova teoria é a ausência da cratera que marca o impacto. Segundo eles, o impacto acima do glaciar de Laurentide já pode ter sido absorvido, uma vez que sua magnitude foi inferior a do evento K-T.
O cientista explica que esse evento atingiu o planeta em escala continental e não global. Após ele, pequenos sobreviventes da Cultura Clovis se isolaram em grupos em busca de alimento e calor, já que existem sinais de diminutos campos de refugiados na região oeste dos EUA.
"Nossos esforços atuais estão focados na coleta de material dos sítios, em especial na região dos Grandes Lagos. Esse material está sendo datado através do método de Carbono-14 e análise espectroscópica. Quanto mais dados estudamos, mais ficamos surpreendidos com as novas evidências", disse o pesquisador.