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Lua: bilhões de litros de água esperam por alguém. Mas quem?

Segunda-feira, 25 out 2010 - 11h34
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Em outubro de 2009, a sonda norte-americana Lcross se chocou contra a Lua, ejetando ao espaço grande quantidade de material aprisionado há milhões de anos no fundo de uma cratera escura. Os fragmentos em suspensão foram estudados por outra sonda que vinha logo atrás, com o objetivo de encontrar moléculas de água no material ejetado.

Passado pouco mais de um ano, os dados revelaram que o material que foi escavado do fundo da cratera continha aproximadamente 150 litros de água. Apesar de parecer pouco, a quantidade encontrada é duas vezes maior daquela que os cientistas haviam estimado e representa apenas a água encontrada na poeira levantada do fundo da cratera.

De acordo com Anthony Colaprete, cientista chefe da Missão Lcross, junto ao Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, JPL, 150 litros pode realmente parecer pouco, mas considerando-se o potencial da cratera atingida os cientistas calculam que em seu interior deve haver pelo menos quatro bilhões de litros de água, mais que suficiente para encher 1500 piscinas olímpicas.

As descobertas foram publicadas na última edição da revista Science e mostram que além de água (em forma de vapor e gelo), a nuvem ejetada continha monóxido de carbono, dióxido de carbono, amônia, sódio, mercúrio e prata.

Estação Lunar


Apesar da crise financeira mundial, quando a missão LCROSS foi concebida e concretizada a Nasa ainda tinha planos de retornar à Lua e ali montar a primeira base extraterrestre tripulada, mas para isso seria necessário encontrar água em nosso satélite. Isso era vital para o andamento do projeto, já que significava a possibilidade da sobrevivência humana e a geração de energia no solo lunar.

O problema é que a Nasa, assim como outros centros de pesquisa nos EUA, sofreu enormes cortes no orçamento e o retorno de um astronauta americano à Lua foi adiado indefinidamente, fazendo dessa descoberta um grande feito intelectual e científico, mas sem qualquer utilidade prática.

Somando os 80 milhões de dólares que foram gastos na missão LCROSS, o governo americano empregou cerca de US$ 500 milhões nos últimos cinco anos, apenas para estudar os possíveis locais onde possa haver água na superfície da Lua. Como os chineses parecem bastante empenhados em chegar lá até 2020, se os americanos não retomarem urgentemente o projeto da base lunar, a sensação que fica é centenas de cientistas trabalharam de graça e entregaram de mão beijada uma descoberta fundamental ao governo de Pequim.

Veja o que foi publicado sobre a missão Lcross


Arte: Concepção artística mostra instantes antes do impacto da sonda lunar LCROSS, em outubro de 2009. Crédito: Nasa.

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