Embora a agência espacial americana não tenha em nenhum momento afirmado que tenha descoberto água líquida em Marte, foi com essa importância que a notícia ganhou as manchetes dos principais sites, jornais e TV do mundo inteiro, passando a impressão de que fluxos de água corrente haviam sido descobertos.
Naturalmente, encontrar água líquida na superfície marciana não é algo possível, uma vez que a temperatura e a pressão no Planeta Vermelho não permitem que a água se encontre neste estado físico no nível do solo.
Assim, para confirmar a existência de água líquida fluindo em Marte seria preciso detecta-la bem abaixo do subsolo e era isso que se esperava no pronunciamento da NASA, mas não foi isso o que aconteceu.
Ao invés de revelar a existência de água no estado líquido, o que seria de fato uma descoberta fantástica e revolucionária, a NASA novamente comunicou a existência de fluxos de salmouras, repetindo observações já feitas anteriormente, com a diferença - importante - que essas evidências foram confirmadas através de nova técnica de espectroscopia.
Utilizando um novo software, capaz de extrair dados espectroscópicos de apenas 1 pixel de imagem, o pesquisador Lujendra Ojha, ligado ao Instituto de Tecnologia da Georgia, foi capaz de detectar nesses fluxos a presença de cloreto de magnésio, perclorato de magnésio e perclorato de sódio.
Esses sais, quando misturados à água, alteram brutalmente seu ponto de congelamento e evaporação o que permite que se mantenha mais tempo em estado líquido.
Aqui na Terra, sabe-se que as salmouras se formam quando os sais presentes no solo, os percloratos, absorvem vapor de água da atmosfera ou do solo. Como os estudos mostram que a quantidade de vapor de água na atmosfera marciana é desprezível, especula-se que a água presente na salmoura possa estar vindo do solo. Mas de onde?
Para responder a essa pergunta, os cientistas deverão rever as próximas missões robóticas ao planeta e direcionar equipamentos especializados até os locais das possíveis nascentes dos fluxos de salmoura e realizar ali as novas prospecções geológicas e atmosféricas.
Caso a água da salmoura observada tenha de fato origem no subsolo - e muitos apostam suas fichas nessa possibilidade - deveremos então testemunhar no futuro próximo uma das mais importantes buscas por vida microbiana fora da Terra, com grandes chances de serem encontradas já nos próximos anos.
Quem viver verá.