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Marte: risco de apagão elétrico coloca em risco missão dos robôs

Segunda-feira, 23 jul 2007 - 09h56
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Há três anos e meio na superfície de Marte, os robôs gêmeos Spirit e Opportunity enfrentam agora um dos seus maiores desafios: sobreviver em meio a uma das maiores tempestades de areia já registradas no planeta vermelho.

As tempestades do verão marciano, que já duram quase um mês, têm afetado seriamente a capacidade de geração de eletricidade dos robôs que utilizam a energia do Sol para carregar suas baterias. A poeira em suspensão na atmosfera marciana está bloqueando 99% da luz solar, e apenas uma tênue luz difusa atinge os painéis solares.

Os engenheiros da Nasa temem que o prolongamento da tempestade, por mais alguns dias, possa comprometer de maneira irreversível a capacidade operacional dos robôs. "Acreditamos que eles possam sobreviver às tempestades, mas eles não foram projetados para essas condições tão intensas", disse Alan Stern, cientista da Nasa e administrador para as missões científicas da instituição.

O mosaico acima é uma coletânea de cinco imagens feitas pelo robô Opportunity entre os dias 14 de junho e 15 de julho. Pelas cenas, feitas a partir da borda da cratera Vitória, na região de Meridiani Planum, dá para se ter uma idéia da quantidade de poeira presente na atmosfera do planeta. Os números "tau", abaixo da data, representam uma medida de opacidade da atmosfera. Quanto menor, mas claro e menos opaco. Em julho de 2007 ambos os robôs registraram os maiores números "tau" desde que a missão se iniciou, há três anos e meio.

Se a luz solar continuar obstruída por um longo período de tempo, os jipes-robôs não conseguirão gerar energia suficiente para mantê-los aquecidos ou mesmo assegurar as mínimas condições de operação, mesmo que se mantenham em estado de hibernação.

Marte é um planeta muito frio, com temperatura média na casa de -65ºC, e os robôs dependem de aquecedores elétricos para manterem suas funções vitais em operação, e não podem ser expostos a longos períodos de tempo em baixas temperaturas.


Níveis críticos


Antes das tempestades começarem a bloquear o Sol no último mês, os painéis solares dos robôs produziam aproximadamente 700 watts de eletricidade por hora, o suficiente para acender uma lâmpada de 100 watts por sete horas. Lentamente a capacidade elétrica foi diminuindo até chegar a 400 watts por hora. Neste momento todas as operações de movimentação foram suspensas, incluindo o uso do braço robótico, câmeras e espectrômetros, fundamentais para estudar o local onde a sonda está localizada.

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No dia 17 de julho, a capacidade de geração caiu a 148 watts por hora, o menor nível desde que chegaram ao planeta. Na última quarta-feira, dia 18 de julho, a capacidade caiu ainda mais, passando a produzir menos de 128 watts.

Para evitar que os robôs sejam danificados pela falta de energia, os engenheiros da NASA estão tomando uma série de medidas que possam reduzir o consumo das baterias, mesmo apresentando características de extrema robustez. O robô Spirit, do outro lado do planeta e menos agredido pelas tempestades, foi instruído a suspender todas as operações, mantendo apenas as funções vitais.

Para minimizar a quantidade de energia gasta pela sonda Opportunity, os controladores da missão enviaram ao robô novos comandos na quarta-feira, instruindo o computador de bordo a suspender todas as comunicações com a Terra na quinta-feira e sexta-feira. Essa foi a primeira vez que os robôs suspenderam as sessões de comunicação por mais de um dia.

De acordo com John Callas, diretor do projeto dos robôs e ligado ao Laboratório de Propulsão a Jato, JPL, da Nasa, o corte as comunicações deverá manter o consumo abaixo de 130 watts por hora. "Se precisar, tomaremos medidas ainda mais agressivas", completou.

No gráfico acima, vemos um mapa da superfície de Marte, mostrando a o aumento da opacidade desde junho de 2007. No gráfico, as áreas azuis mostram menos opacidade, ao contrário das áreas vermelhas, que mostram a ampliação da quantidade de poeira em suspensão. Os dados foram coletados pela sonda Mars Odyssey, em órbita ao redor do Planeta Vermelho.

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