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Novo estudo mostra que resfriamento da Terra acabou no século 19

Terça-feira, 23 abr 2013 - 10h52
Por Rogério Leite
Um novo estudo sobre climatologia analisou recordes de temperatura dos últimos 2 mil anos e revelou que a tendência de longo período de resfriamento da Terra terminou no século 19, quando foi revertida pelo Aquecimento Global.

O trabalho é assinado por 78 cientistas de 24 países e de acordo com a NSF, a Fundação Nacional de Ciências dos EUA, é a mais abrangente avaliação de temperaturas continentais ocorridas nos últimos 2 mil anos e indica que a tendência de resfriamento de longo prazo - causada por fatores que incluem flutuações na quantidade e distribuição do calor do sol e aumentos da atividade vulcânica - terminou no final do século 19.

O trabalho, publicado no periódico Nature Geoscience, também demonstrou que os recordes de temperatura no século 20 ocorreram em todos os continentes, com exceção da Antártica. A África não teve dados suficientes para serem incluídos na análise.

O estudo, chamado PAGES (Past Global Change) tem como objetivo analisar as mudanças climáticas ocorridas em tempos remotos através de meios indiretos de análises.


Testemunhos Naturais


As análises incluem principalmente o estudo dos anéis das árvores, que fornecem uma imagem do crescimento que por sua vez é baseado em parte na temperatura do ar, do pólen de árvores, que registram mudanças nas espécies dominantes, na cúpula dos corais, que registram as temperaturas da superfície do mar na forma de faixas em suas estruturas e nas concentrações das moléculas de água contidas núcleos de gelo do Ártico, Antártida e nos glaciares das regiões temperadas, além de várias propriedades físicas e biológicas dos sedimentos dos lagos.

De acordo com o paper (trabalho científico), o resfriamento verificado nos últimos 2 mil anos foi causado por fatores naturais que continuaram a existir no século 20. Assim, segundo os autores, é muito difícil ignorar os efeitos do aumento dos gases de efeito estufa no aumento global das temperaturas medidas nas últimas décadas.

No entanto, os pesquisadores observam que o estudo não foi desenvolvido para avaliar a extensão em que as mudanças de temperatura podem ser atribuídas a fatores naturais ou de origem humana.
"Os resultados mostram que as mudanças climáticas são, como de costume, muito mais complicadas do que esperávamos, com tendências de resfriamentos milenares pontuadas por momentos de aquecimentos mais localizados que o esperado", disse Paul E. Filmer, diretor do programa de geociências da NSF.

Segundo o pesquisador, as forças naturais que impulsionaram o resfriamento ainda estão presentes até os dias de hoje, mas desde o final do século 19 um novo e forte elemento foi adicionado ao cenário: a atividade humana. "Não podemos mais avaliar os novos registros sem levar em conta esse novo fator", explicou Filmer.

A análise do grupo de pesquisadores focou as análises nos últimos 2 mil anos por que as temperaturas estão bem representadas nos testemunhos. Depois de 2 mil anos, a abundância de informação sobre a variabilidade climática decresce e os elementos fundamentais passam a não ser mais confiáveis para esse tipo de análise.

Embora os pesquisadores não façam correlações explícitas entre os níveis de gases de efeito estufa na atmosfera durante o século 20 e o aumento das temperaturas globais, eles observam que a análise servirá como um ponto de referência para estudos futuros.


Fotos: no topo, pesquisadores utilizam equipamento de imageamento por ultrassom para selecionar locais de coleta de testemunhos em um lago no sul do Alasca. Acima, exame de um testemunho revela intricadas camadas indicando as mudanças climáticas e ambientais ao longo dos séculos. Crédito: NSF, Darrell S. Kaufman, Northern Arizona University, Apolo11.com.

roger

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