Antes de qualquer coisa, esse som não é produzido pelo cometa. Ele é o registro numérico feito pelos magnetômetros da espaçonave Rosetta desde agosto e que reflete variações no campo magnético de 67/P. Esses dados, após processados, se transformaram em um gráfico, com múltiplas intensidades, picos e vales.
Se essas variações fossem convertidas diretamente em sons seriam totalmente imperceptíveis, pois ocorrem de forma muito lenta.
Para ter uma visão global dessas oscilações e poderem apresenta-las de forma mais interessante, os cientistas aceleraram os registros em mais de 10 mil vezes, fazendo com que as ondas aumentassem sua frequência até se tornarem audíveis.
Esse procedimento é bastante comum de ser realizado sempre que os pesquisadores estão diante de um evento de muito longo período. Um exemplo típico é a aceleração das ondas dos terremotos, impossíveis de serem ouvidas por terem frequência muito baixa, ou longo período.
O oposto também é possível e permite que eventos de duração extremamente curtas, como explosões ou raios, possam ser estudados de forma mais detalhada. Esse tipo de trabalho se tornou muito popular com as chamadas "super câmeras".
Outros cometas também podem apresentar essa variação? Seria ela causada apenas pela rotação da rocha ou pela interação do seu fraco campo magnético com a ionização das partículas neutras dos gases? Que tipos de cometas podem apresentar variações no campo magnético? No caso de 67/P, por ser um contato-binário qual o hemisfério da rocha é responsável pela variação? Que quantidade de ferro e/ou tamanho de núcleo poderia causar as variações na intensidade registrada? Qual o provável shape de um possível núcleo de ferro?
Como podemos ver, a missão Rosetta/Philae nem bem desceu e já produziu dados suficientes para muito tempo de pesquisa.
Como diria Sr. Spock, de Jornada nas Estrelas, "Fascinante"!
Bons céus, VLP!