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Os Portões do Inferno: 50 anos depois, Darvaza ainda arde em chamas

Quarta-feira, 20 jan 2021 - 09h04
Por Rogério Leite
Na década de 1970, uma empresa petrolífera soviética cometeu um infeliz erro de cálculo e ao invés de perfurar um possível poço de petróleo, expôs um gigantesco bolsão de gás, que devido a outro grosseiro erro de cálculo incendiou e arde em chamas até hoje.

Vista aproximada da cratera de Darvaza, no Turcomenistão. As chamas começaram em 1971, após um incêndio provocado para consumir o gás em seu interior.

Toda essa trágica confusão ocorreu no ano de 1971, no coração do deserto de Karakum, no Turcomenistão. Ali, os soviéticos estavam em busca de campos de petróleo e detectaram o que pensavam ser uma fonte abundante no deserto. Para extraí-lo, montaram toda a estrutura necessária aos testes, incluindo uma broca considerável e pesada.

Assim que a perfuração começou, perceberam que haviam julgado mal as características geológicas do local e ao invés de perfurarem sobre um campo de petróleo, montaram toda a estrutura sobre uma enorme bolsa de gás natural. Devido ao peso, a plataforma colapsou, criando um gigantesco buraco que agora é conhecido como cratera Darvaza.

Com 70 metros de diâmetro e 20 metros de profundidade, seu colapso disparou um efeito dominó sem precedentes que causou o colapso de outras crateras na região. De cada novo buraco que surgia, mais gás natural era liberado, composto principalmente de metano. O problema é que esse gás tem como uma de suas características absorver todo o oxigênio disponível ao redor. Assim, temendo pelas vidas das comunidades locais e também da vida selvagem, os cientistas soviéticos fizeram o que muitos também fariam ao se deparar com um problema semelhante: colocaram fogo na tentativa de extinguir o gás.

Cratera Darvaza, no Turcomenistão. Onde deveria haver um poço de petróleo encontrou-se gás, que arde por mais de 50 anos.

No entanto, como em todo projeto mal concebido, havia ali outro erro de cálculo. Esperava-se que a queima durasse apenas algumas semanas e a qualidade do ar local em breve voltaria ao normal. Entretanto, como se sabe, as chamas não se extinguiram e desde que iniciaram, há meio século, ainda ardem como nos primeiros dias.

Atualmente, os cientistas ainda não têm certeza de quanto tempo as chamas irão continuarão e devido ao grande número de crateras que ainda ardem, a região de Darvaza passou a ser conhecida como “Portões do Inferno” e anualmente recebe milhares de turistas de todo o mundo para ver os incêndios provocados pelos colossais erros de cálculo cometidos há 50 anos.

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