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Para chegar a Plutão, sonda New Horizons freará Júpiter em pleno espaço!

Segunda-feira, 26 fev 2007 - 11h57
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Quando a sonda norte americana New Horizons, que se dirige à Plutão, atingir os domínios do planeta Júpiter no próximo dia 28 de fevereiro, além de iniciar a coleta de uma série de fotos e dados científicos, receberá de cortesia um bônus extra do maior planeta do sistema solar.

A New Horizons é atualmente a mais rápida sonda que já deixou a Terra, mas para chegar a Plutão é necessário mais velocidade. Plutão está se afastando do Sol e o inverno chegando. Os pesquisadores querem que a New Horizons chegue antes que a tênue atmosfera se congele e caia na superfície, já que é muito mais fácil estudar a atmosfera quando ela está em suspensão.

Para ganhar velocidade e chegar mais rápido a Plutão, a New Horizons vai "roubar" um pouco da energia orbital de Júpiter e para isso vai realizar uma manobra chamada de empurrão gravitacional. A sonda vai parecer mergulhar em uma espécie de poço gravitacional, para em seguida ser arremessada do outro lado com mais velocidade.

Como muitos aprenderam na escola, energia não se cria, se transforma, e para que a New Horizons aumente sua velocidade é necessário roubar essa energia de Júpiter, o que acabará por frear o planeta. "Esse fenômeno é conhecido como conservação de energia" disse Robert Farquhar, diretor da missão New Horizons na unidade de Física Aplicada na Universidade Johns Hopkins.

Segundo o cientista, naturalmente ningúem vai reparar nessa "frenagem" planetária. "Na realidade, a mudança na velocidade orbital de Júpiter ao redor do Sol será fantasticamente pequena. Os cálculos indicam que a News Horizons absorverá algo ao redor de 1/1025 da energia orbital do planeta, o que equivale a retirar uma gota de água de todo o oceano", completou.

Nota: 1025 é o mesmo que o número 1 seguido de 25 zeros. Concindentemente cabem 1025 gotas em todos os oceanos da terra, de modo que a analogia de Farquhar é correta.

A insignificante perde de velocidade de Júpiter significa um empurrão de gigante na New Horizons. Do tamanho de um piano, a sonda ganhará energia suficiente para ultrapassar a velocidade de 83 mil km/h, rápido o suficiente para que uma viagem entre São Paulo e Tóquio não dure mais de 8 minutos. A New Horizons atingirá os domínos de Plutão em julho de 2015, cinco anos antes caso não recebesse a ajuda de Júpiter.

Muito antes dos vôos espaciais, os astrônomos já enxergavam o "empurrão gravitacional" como combustível para as viagens. De fato, essa possibilidade já era discutida desde o século 19.

Apesar de seu tamanho gigante, Júpiter não é o único a doar parte de sua energia orbital às espaçonaves. A Terra também colaborou, por mais de 10 vezes, nessa transferência de energia. A primeira vez foi com a sonda Giotto, uma sonda da Agência Espacial Européia com destino ao cometa Halley. A Giotto foi lançada em 1985, passou pelo cometa em 1986 e em 1990 retornou à órbita daTerra, onde recebeu um "empurrão gravitacional" que a arremessou em direção ao cometa Grigg-Skjellerup, em 1992.

A mais recente espaçonave a receber uma "mãozinha" da Terra foi a sonda Messenger, da Nasa, com destino a Mercúrio. A Messenger foi lançada no dia 3 de agosto de 2004 e quase um anos depois retornou à Terra para receber novo impulso e direção, ao mesmo tempo que efetuou diversas imagens do nosso planeta.

Durante o empurrão gravitacional, que deverá durar quatro meses, a New Horizons deverá realizar mais de 700 observações de Júpiter, incluindo imageamento preciso da sua turbulenta atmosfera, uma detalhada análise do sistema de anéis e estudos aprofundados das maiores luas do gigante gasoso. A sonda também fará a primeira viagem dentro da magnetosfera de Júpiter, um larga esteira de partículas carregadas que se extendem por dezenas de milhões de quilômetros além do planeta. Para completar, fará a primeira aproximação da Mancha Vermelha Junior, uma tempestade em formação no hemisfério sul de Júpiter, próximo à famosa Grande Mancha vermelha.

Após essa longa jornada e oito anos depois ser arremessada por Júpiter, a New Horizons finalmente chegará ao planeta-anão, onde permancerá durante cinco meses estudando o astro e suas luas.

Gráficos: No topo, concepção artística mostra em primeiro plano a sonda New Horzions, com Plutão e sua lua Caronte ao fundo. No gráfico acima vemos o funcionamento matemático do princípio do "empurrão gravitacional", quando uma sonda aproveita a energia orbital de um planeta para ganhar velocidade.

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