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Phoenix: Radar Laser detecta neve na atmosfera marciana

Quarta-feira, 1 out 2008 - 07h24
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Que o planeta Marte estimula a imaginação de muita gente, não é novidade pra ninguém. Marcianos sentados em pedras, faces escavadas na superfície e uma eterna desconfiança de que os cientistas escondem "alguma coisa" já fazem parte do dia a dia das pessoas. Mas imaginar a neve fazendo parte da paisagem de Marte...

Bem, nisto ninguém havia pensado, mas o radar a bordo da sonda Phoenix, em atividade no pólo norte marciano não se engana e na última segunda-feira (29/set) detectou flocos de neve na atmosfera do planeta. O fenômeno foi registrado a 4 km de altitude pelo instrumento canadense LIDAR, um radar laser de uso meteorológico que estuda a reflexão dos pulsos de luz ao atingir as partículas da atmosfera.
"Detectamos a neve caindo, mas ainda estamos procurando sinais de que ela chega ao chão". As palavras são do cientista canadense Jim Whiteway, ligado à Universidade de York e principal pesquisador dos dados da estação meteorológica. De acordo com Whiteway, a neve sublimou, passando do estado sólido para o gasoso antes de cair ao solo.

Além da detecção da neve na atmosfera, o instrumento de análise térmica da Phoenix, TEGA, confirmou a presença de argilas e carbonato de cálcio, que na Terra se formam na presença da água. Segundo o pesquisador Michael Hecht, da mesma equipe de Whiteway, o ph da superfície marciana é de 8.3, semelhante aos nossos oceanos, causado exatamente pela presença do carbonato de cálcio. Ainda segundo o cientista, essa descoberta enfatiza a idéia de que a região do ártico marciano, onde está a sonda, já foi úmida em algum momento do passado.

Não se sabe ao certo quais as interações que ocorreram entre o solo e a água de Marte. Essa resposta só será possível quando as amostras forem trazidas para a Terra, em missões já previstas. Na análise dos cientistas, é surpreendente como a região onde está a sonda Phoenix seja extremamente seca, uma vez que existe uma camada de gelo a poucos centímetros abaixo do solo.


Inverno Marciano


Devido à aproximação do inverno, em abril de 2009 o Sol não mais nascerá no local de exploração, o que desligará o robô por falta de energia. Engenheiros do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, JPL, responsáveis pelo funcionamento do explorador, acreditam que a Phoenix poderá voltar a atividade, mas não apostam nisso, uma vez que o frio será tão intenso que os materiais que compõe a sonda deverão trincar.

Dúvida Cruel


Praticamente, todos os pesquisadores que estudam o Planeta Vermelho concordam que a água já correu pelo planeta. Até mesmo as feições geológicas mostram meandros de rios e formações semelhantes a lagos, como é o caso da cratera Gusev, onde se localiza o jipe-robô Spirit. A pergunta, ainda sem resposta é: onde essa água foi parar?


Fotos: No topo, qualquer semelhança é mera curiosidade: nuvens se deslocam pela paisagem marciana no dia 25 de setembro de 2008. No detalhe, gráfico produzido pelo radar laser canadense LIDAR mostra a detecção da neve a 4 mil metros de altitude. Acima, mosaico mostra a sonda Phoenix e a paisagem marciana em imagem panorâmica de 360 graus. O mosaico é uma montagem de 500 imagens captadas pela câmera de alta resolução a bordo do explorador. Créditos: Nasa/JPL/Caltech/Universidade do Arizona.

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