O estudo foi realizado por cientistas planetários ligados ao Laboratório Lunar e Planetário, da Universidade do Arizona e será publicado nos próximos dias no conceituado Astrophysical Journal, um dos mais respeitados periódicos no campo da astrofísica.
De acordo com o paper, escrito pelos cientistas Kat Volk e Renu Malhotra, a hipótese deste novo planeta está alicerçada no movimento das rochas situadas no Cinturão de Kuiper, uma região repleta de corpos gelados muito além da órbita de Netuno. Segundo o estudo, o movimento orbital de alguns desses corpos sugere que um planeta invisível, de grande massa, pode estar afetando a órbita desses objetos.
"A explicação mais provável para nossos resultados é que há uma massa não vista situado a 60 UA do Sol", disse Kat Volk. Essa distância é cerca de 10 vezes mais próxima de onde estaria o suposto Planeta Nove, que de acordo com trabalhos de Konstantin Batygin e Michael Brown, do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), seria o responsável por influenciar gravitacionalmente os objetos do Cinturão de Kuiper.
1 UA equivale a distância da Terra ao Sol, que é de cerca de 149.5 milhões de km.
Volk e Malhotra estudaram o movimento de 600 KBOs (Kuiper Belt Objects) e notaram que alguns deles parecem ter uma órbita "entortada", que os inclina a oito graus do plano orbital dos principais planetas no Sistema Solar.
Volk e Malhotra, porém, dizem que ainda não o vimos porque o objeto pode estar atualmente localizado na direção da parte central da Via Láctea, que é mais densa e repleta de estrelas, o que dificultaria o estudo e observação direta.
Outra possibilidade, segundo a dupla de pesquisadores, é que alguma estrela passageira poderia ter causado essa deformação. No entanto, esse evento deveria ter acontecido nos últimos 10 milhões de anos, o que parece improvável.
Seja como for, é certo que existe algo relativamente grande em termos planetários que está de fato mexendo com a órbita de alguns objetos no Cinturão de Kuiper. No entanto, a falta de conclusões definitivas e observações diretas não permite afirmar o que estaria causando essa anomalia e qualquer conclusão precipitada só serviria para alimentar a ideia de existência de novos planetas.