No entanto, estudos recentes mostraram que algumas vezes essa bolha desenvolve grandes rachaduras que podem permanecer abertas por várias horas. Quando isso acontece, as partículas solares penetram em nosso planeta e ionizam a ionosfera a 160 km de altitude, produzindo os distúrbios geomagnéticos.
Foi isso o que aconteceu em dezembro de 2010, quando o cientistas espaciais foram pegos de surpresa ao detectarem uma rápida tempestade geomagnética sem qualquer motivo aparente. A tormenta prevista com menos de duas horas de antecedência através de modelos matemáticos e provocou brilhantes auroras nas latitudes mais elevadas.
De acordo com os pesquisadores do Centro de Previsão de Clima Espacial dos EUA, SWPC, o fenômeno não havia sido causado pelas tempestades aleatórias que ocorrem na superfície solar, mas por uma rachadura que se abriu na magnetosfera da Terra e que permitiu que o vento solar penetrasse nas camadas mais elevadas da atmosfera.
Em 1979, o cientista Goetz Paschmann, ligado ao laboratório de física extraterrestre do Instituto Max Planck, na Alemanha, detectou as rachaduras utilizando o satélite de exploração solar ISEE (International Sun Earth Explorer). No entanto, devido à órbita o satélite permanecia pouco tempo sobre as falhas, não permitindo saber se as fendas eram temporárias ou se permaneciam estáveis por longos períodos.
As mais modernas observações começaram a ser feitas em 2003 com auxílio do satélite IMAGE, especializado no estudo da magnetosfera. De acordo com as pesquisas, diversas auroras de prótons foram registradas sobre a região do Ciclo Polar Ártico, alimentadas pelo vento solar que penetrava por rachaduras na magnetosfera. Em alguns casos essas fendas tinham o tamanho da Região Sudeste do Brasil e permaneciam abertas por mais de 9 horas ininterruptas. Outras observações mostraram rachaduras duas vezes maiores que a Terra a uma altitude de 60 mil quilômetros.
De acordo com os pesquisadores, a maior preocupação de uma tempestade geomagnética causada por uma rachadura na magnetosfera é que ela é praticamente impossível de ser detectada em tempo hábil. Ela pode ocorrer a qualquer momento e pode provocar sérios danos em redes elétricas, provocando blecautes e apagões em qualquer parte do mundo.