As inclusões estudadas foram encontradas na amostra de origem vulcânica 74.220, formada durante erupções explosivas há 3.7 bilhões de anos e coletada durante a missão Apollo 17, em 1972. Para chegar a esse resultado a equipe de cientistas usou uma microssonda iônica de última geração.
O estudo, financiado pela agência espacial americana, Nasa, foi publicado na edição de 26 de maio da revista Science Express e levanta questões fundamentais sobre a "teoria do impacto gigante". Essa teoria prevê quantidades muito pequenas de água nas rochas lunares, especialmente devido à desgaseificação catastrófica ocorrida no momento da suposta colisão entre a Terra e um objeto do tamanho de Marte e que teria dado origem à Lua.
De acordo com o principal autor do estudo, o geoquímico Erik Hauri, ligado Instituto Carnegie, de Washington, a água desempenha um papel crítico na determinação do comportamento tectônico das superfícies planetárias, além do ponto de fusão das camadas interiores, localização e estilo das erupções. "Em minha opinião, nenhum tipo de rocha coletada na Lua é mais importante que essas amostras vulcânicas, que foram ejetadas em episódios de intenso vulcanismo e que também foram identificadas em outros objetos do Sistema Solar interior".
Em contraste com a maioria dos depósitos vulcânicos, essas inclusões derretidas estão encerradas dentro de cristais o que impediu que a água e outros materiais voláteis escapassem durante a erupção. "Estas amostras fornecem a melhor visão que temos sobre a quantidade de água do interior da lua, na localidade onde esse material vítreo foi encontrado", disse James Van Orman, coautor do estudo junto à Universidade Case Western Reserve.
O estudo também levanta uma nova possibilidade sobre a origem do gelo detectado nas crateras nos polos. Até o momento, a presença do gelo tem sido atribuída a impactos de cometas e meteoros, mas os pesquisadores acreditam que é possível que parte desse material seja proveniente da água liberada pela erupção do magma lunar há bilhões de anos.