De fato, quando usado em larga escala, a utilização do sequestro de carbono pode ajudar a diminuir os efeitos do aquecimento global no futuro próximo, uma vez que as emissões de combustíveis fósseis seriam reduzidas significativamente. O problema começa quando o CO2 armazenado de várias maneiras retorna à atmosfera devido a vazamentos que o trazem novamente ao meio ambiente.
Para tentar compreender um pouco mais sobre as possíveis implicações desse método, pesquisadores ligados ao Instituto Niels Bohr, na Dinamarca, fizeram projeções de longo prazo e analisaram diversos cenários possíveis de sequestro e vazamentos de CO2. O resultado do trabalho foi publicado na última edição da revista científica Nature Geoscience e não é nada animador.
De acordo com Gary Shaffer, professor no Instituto Niels Bohr, e líder do Centro Dinamarquês para a Ciência do Sistema Terrestre, vazamentos do CO2 armazenado poderão ter grande impacto sobre o aquecimento, com aumento do nível do mar, grande consumo de oxigênio e acidificação e concentrações elevadas de CO2 no oceano.
O estudo também revela que a estocagem do gás abaixo do leito submarino é uma má escolha pois cria graves problemas para a vida em alto mar. Além disso, o CO2 armazenado desta forma retorna para a atmosfera de forma relativamente rápida, contribuindo novamente com o aquecimento global. Segundo o paper (trabalho científico), o armazenamento geológico pode ser mais eficaz em retardar o retorno do aquecimento e suas respectivas consequências, mas apenas se uma fuga de CO2 menor que 1% a cada mil anos puder ser obtida.
Segundo o pesquisador, o CO2 atmosférico é de longa duração e distribuído globalmente de forma bastante uniforme, o que torna possível mantê-lo sobre controle, o que reduzi os riscos de surpresas climáticas desagradáveis. Entretanto, o professor alerta que não se deve subestimar a potenciais problemas de curto e longo prazo causados pelo vazamento dos reservatórios subterrâneos. "Depois de vazado, o carbono em forma mais leve vai procurar seu caminho para fora da terra ou do leito do mar. No entender de Shaffer, a atual situação no Golfo do México é uma típica lembrança dessa condição"
Shaffer conclui que "os perigos do seqüestro de carbono são reais e o desenvolvimento desta técnica não deve ser usado como argumento para a manutenção dos atuais níveis de emissão de combustíveis fósseis. Ao contrário, devemos limitar grandemente as emissões de CO2 agora, evitando ter que sequestrar o carbono de forma maciça, reduzindo as conseqüências indesejáveis e os cargos que essa técnica trará ao longo de muitas gerações futuras.
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