Um documento que reúne textos de 35 especialistas da União Internacional das Organizações de Pesquisas Florestais (IUFRO, em inglês) alerta que o papel das florestas de atuar como filtros gigantes de carbono está sob o risco de acabar.
Segundo o relatório dos cientistas, as florestas podem, num caminho inverso, começarem a liberar uma enorme quantidade de carbono na atmosfera, caso as temperaturas do planeta subam 2,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Esta é uma primeira avaliação da capacidade das florestas se adaptarem às mudanças do clima no mundo.
"Normalmente, pensamos nas florestas como freios do aquecimento global", disse Risto Seppala, do Instituto de Pesquisa Florestal da Finlândia.
"Mas nas próximas décadas, os danos provocados pelas mudanças climáticas podem fazer com que as florestas comecem a liberar uma enorme quantidade de carbono, criando uma situação em que elas contribuirão mais para o aceleramento do aquecimento do que ajudarão a reduzi-lo, explica Seppala.
O documento ainda destaca outras consequências do aquecimento global nas florestas. As secas devem se tornar mais intensas e frequentes nas florestas subtropicais e temperadas do sul, as plantações comerciais de madeira podem se tornar inviáveis em algumas áreas, a pobreza e os conflitos sociais podem aumentar entre as comunidades da África que dependem das florestas para sobreviverem.
"A única maneira de assegurar que as florestas não sofram danos sem precedentes é conseguir fazer uma enorme redução nas emissões dos gases de efeito estufa", ressaltou Andreas Fischlin, do Instituto Federakl Suíço de Tecnologia e co-autor do estudo.