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Sol acumula 221 dias sem manchas e pode bater recorde do século

Sexta-feira, 25 out 2019 - 12h13
Por Rogério Leite
Desde o começo de 2019 até o momento, o Sol já acumula o incrível número de 221 dias sem qualquer mancha em sua superfície. Esse número já se igual ao ano de 2018 e ao que tudo indica vai bater os registros dos séculos 20 e 21.

Mancha solar AR2192, registrada pelo Observatório Solar Apolo11 há cinco anos, em 20 de outubro de 2014. Até essa época, a observação de manchas na superfície do Sol era bastante comum. Observe o tamanho da feição omparada ao tamanho da Terra.

O estudo do astro-rei é bastante recente. O conhecimento do ciclo solar de 11 anos, por exemplo, chamado Ciclo de Schwabe, só aconteceu no ano de 1859 e o estudo do Sol por meio de satélites e métodos modernos só teve início na década de 1980. Isso faz com que a base de conhecimento da dinâmica solar seja muito restrita e não permite afirmar com exatidão o que está acontecendo com nossa estrela próxima.

Até um tempo atrás, observações solares diárias permitiam ver o astro repleto de manchas, algumas delas dezenas de vezes maior que a Terra. Atualmente, observar essas manchas é algo bastante raro. Afinal, o ano de 2019 já soma 221 dias sem qualquer anomalia. E ainda faltam dois meses para o ano acabar.


Em artigo escrito pelo Apolo11 em fevereiro de 2019, o número total de manchas observáveis que cruzaram a superfície solar foi zero, bastante abaixo da média mensal de longo prazo.


Se não sabemos exatamente o que ocorre no interior da estrela e que leva a essa diminuição da atividade, o mesmo não se pode dizer sobre seus efeitos. Tirando o aspecto visual morno, os cientistas espaciais acreditam que essa inatividade pode estar associada a uma superfície solar mais escura, com buracos coronais claramente maiores e mais estáveis, além da intensidade média do vento solar reduzida.


As consequências dessas variações do fluxo solar já podem ser observadas no resfriamento da termosfera (a atmosfera externa da Terra), o que reduz do arrasto nos satélites que circundam a Terra em orbita baixa. A Estação espacial Internacional, por exemplo, vem necessitando de maior número de manobras de reposicionamento do que era necessário há uma década. E isso custa dinheiro.


As medições mais recentes mostram que a baixa atividade da estrela já reduziu o brilho da fotosfera em 0,1%. Embora seja um número pequeno, detectado apenas por instrumentos de alta precisão, o valor é muito expressivo. A Terra recebe 1361 Watts por metro quadrado de energia proveniente da estrela. Considerando que a Terra tem 560 milhões de quilômetros quadrados, a perda de energia diária representa mais que a soma de todas as fontes energéticas terrestres juntas, incluindo as gerações naturais e artificiais.

Além disso, embora a variação de luminosidade seja parte natural do ciclo solar, a diminuição da irradiação e nível de atividade observada por satélites pode, segundo alguns estudos, afetar a química da atmosfera superior e alterar os padrões climáticos globais.


Ciclo Solar


A cada 11 anos, aproximadamente, o Sol passa por momentos alternados de alta e baixa atividade eletromagnética, conhecidos por mínimos e máximos solares. Esse período é chamado de ciclo solar ou de Schwabe e desde que as observações começaram a ser feitas já foram contados 24 ciclos até o ano de 2018.


Inverno Implacável


Entre 1645 e 1715, o Sol passou por um estranho período, com atividade quase nula. Durante 70 anos, as manchas solares se tornaram extremamente raras e o ciclo de 11 anos parecia ter se rompido. Coincidência ou não, esse período de enfraquecimento coincidiu com uma série de invernos implacáveis que atingiram o hemisfério Norte.

Esse período no comportamento do Sol ficou conhecido como Mínimo de Maunder e até hoje os cientistas não sabem ao certo como ele foi disparado e nem se de fato realmente influenciou o clima na Terra.

Por razões ainda não compreendidas, o ciclo de manchas solares se normalizou no século 18, voltando ao período normal de 11 anos.

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