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Sonda Ibex parte em busca de respostas sobre vento Solar

Segunda-feira, 20 out 2008 - 09h48
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Na fronteira do nosso sistema solar, em dezembro de 2004, a sonda Voyager 1 encontrou algo jamais experimentado durante os quase 26 anos em que viajou pelos domínios do Sol. Pela primeira vez os cientistas estavam testemunhando uma espécie de choque invisível, criado quando o vento solar encontra o gás interestelar do espaço.

Essa região, chamada de "shock terminal", marca o começo da fronteira final do Sistema Solar, caracterizadas por grande expansão de gases turbulentos e campos magnéticos entrelaçados.

Para compreender melhor as interações que ocorrem entre o vento solar e as partículas espaciais, cientistas da agência espacial americana, NASA, lançaram neste domingo a sonda IBEX, ou Explorador da Fronteira Interestelar, que será a primeira nave a mapear e coletar dados das interações dinâmicas que ocorrem nesta zona do sistema solar exterior.

A sonda foi lançada do Atol de Kwajalein, no oceano Pacífico, às 15h47 (Horário de Verão) a partir de um foguete do tipo Pégasus, de 3 estágios, que a colocou inicialmente em órbita ultra baixa de 100 km de altitude. Em seguida os motores próprios da nave foram acionados, elevando seu apogeu.
"Após um período de 45 dias de checagem de instrumentos, a IBEX vai estar pronta para essa excitante tarefa", disse o cientista Greg Frazier, diretor geral da missão, ligado ao Goddard Space Flight Center, GSFC, da Nasa.

O tempo estimado da missão IBEX será de 2 anos, período no qual a sonda será diretamente submetida aos impactos das partículas de alta-velocidade, chamadas Átomos Energéticos Neutros, ou ENA. Essas partículas são criadas na região fronteiriça, onde o vento solar soprando a quase 2 milhões de quilômetros por hora, em todas as direções, se choca com o gás interestelar do espaço. Essa região é particularmente importante aos estudos, já que é ela que protege a Terra dos perigosos raios-cósmicos vindos do espaço.


Fronteira Solar


A fronteira do Sistema Solar está a bilhões de quilômetros de distância, o que tornaria uma missão até lá muito longa. No entanto, as coisas mais interessantes acontecem nas regiões fronteiriças. O apogeu da sonda será de 360 mil quilômetros, mais baixa portanto que a órbita lunar.


Ao mesmo tempo em que orbita Terra, o satélite também gira e recebe o impacto das partículas vindas de todas as direções do espaço, fornecendo aos cientistas um retrato do céu a cada seis meses.

Segundo David McComas, outro cientista do projeto IBEX, ligado à Universidade de San Francisco, a IBEX se parece um pouco com um satélite meteorológico. "Antigamente você usava as poucas estações meteorológicas para inferir os padrões de tempo globais, mas com os satélites atuais é possível ver de fato como ocorrem essas interações. Com a IBEX é a mesma coisa", disse.
"Ninguém até hoje viu qualquer imagem da interação que ocorre na fronteira do sistema solar, onde o vento solar colide com as partículas". É esse retrato que a IBEX pretende fazer.


Vento Solar


Vento solar é uma esteira de partículas carregadas que foram ejetadas da alta atmosfera solar em forma de plasma (gás incandescente). Deslocando-se a mais de 1 milhão de km/h, o vento solar interage com todos os planetas e define a fronteira entre o Sistema Solar e o espaço interestelar.

O vento solar é o responsável por manter uma espécie de bolha de proteção, chamada heliosfera, ao redor do Sistema Solar. Ele influencia diretamente o modo como as coisas funcionam aqui na Terra e até mesmo além dos limites do Sistema Solar.



Arte: Concepção artística mostra a zona de impacto entre o vento solar e as partículas vindas do espaço. A cena também mostra a posição atual das sondas interplanetárias Voyager 1 e Voyager 2. No detalhe, sonda IBEX, lançada em 19 de outubro de 2008. Crédito: Nasa.

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